Não pretendia escrever sobre o Haiti novamente, mas após o primeiro texto, fiquei pensando na sua triste sina.
Desde sempre foram pobres, miseráveis, cercados de ratos e políticos ladrões.
Sua agonia é permanente.
Após este terremoto, não fosse a ajuda externa, já estariam como nas grandes epidemias européias do passado, quando os encarregados de recolher cadáveres, na falta de espaço, propunham trocar cadáveres de uma semana por alguns de morte mais recente. Ia me esquecendo que no Haiti não há nem quem os recolha.
Tornaram-se independentes em 1804. Um ex escravo, Dessalines, era seu nome, assume o título de imperador e é morto 2 anos depois.
As ingerências seguem.
Um doutor de vodu, mais ou menos um curandeiro chamado Duvalier, é eleito em 1957. Sua idéia era de estender o poder, as grandes massas negras, mas torna o país um estado policial. Em 1971 seu filho torna-se presidente perpétuo seguindo a linha Castro`s que começaram em 1959.
Em 1990 o Padre J. Bertrand Aristides, até por ser padre, é eleito e deposto 8 meses depois, por ser tão gato como os anteriores. Volta do exílio e é expulso novamente pela mesma razão.
Desastres naturais, também não os perdoam, furacões em 2005 e 2008, e após um período de calma o terremoto recente.
Ainda bem que os EUA tomaram a liderança. Não estou falando por ser americanista. Quem mais teria meios para fazê-lo?
Já imaginaram em uma situação tensa, muito tensa, dezenas de aviões chegando com militares e civis voluntários, todos querendo ajudar, mas sem transporte urbano, sem comunicações, sem mapas, sem uma língua comum, sem coordenadores locais e ruas sem identificação? Nem mesmo energia elétrica para as máquinas de cortar ferro e concreto.
Quem entende o creole? E o papianto? E as expressões comuns franco- africanas? Boa vontade deve estar sobrando, mas como fazer tudo funcionar? "Cada uno por su cuenta"?
Parece que duas semanas depois as coisas estão recomeçando.
Mas recomeçando de onde? Do nada? Até a pesca lhes é negada.
Toda a ilha tem peixes em volta, menos o Haiti. Há alguns anos, a equipe do Jacques Cousteau, a pedido da ONU fez um demorado estudo. Ficaram meses por ali e no relatório final disseram: nada errado com a natureza.
Foi " overfishing" ou seja, pescaram demais e com bombas... As bombas matam tudo, toda a alimentação de cardumes futuros. As anêmonas, os corais, tudo que tiver vida.
Quando eu era criança, ouvia que Sodoma e Gomorra haviam sido destruídas porque seus habitantes pecavam. Em Sodoma, eu até posso acreditar e já se sabe até o que faziam, mas Gomorra, nós nunca soubemos e os textos bíblicos nunca explicaram.
Quem sabe até estejamos perdendo algumas coisas boas.
Os irmãos do Colégio Católico, que sabiam tudo, davam a sentença: eram pecadores e ponto final.
O absurdo ouvido no colégio da minha infância me marcou até hoje. Quando há uma catástrofe, tipo as da China, Bangladesh e agora o Haiti, me pergunto. Seriam todos pecadores?
Todos eles? Até as crianças? Todos aqueles que vemos mortos nos descampados? Será que os haitianos estão purgando seus pecados de vidas anteriores, como crêem os hindus?
Será uma sina nascer no Haiti?
sexta-feira, janeiro 29
Haiti? Qual dos Haitis? II parte
quarta-feira, janeiro 27
Machu Pichu: memórias distantes
Este texto não pretende ser mais uma história de viagem, até porque na Zero Hora de hoje, 27 de janeiro tem um belo texto da Rosane Treméa.
Só é uma palavra de consolo a quem anda preocupado com algum filho, irmão ou neto, encalhado no vale do Urubamba.
Bem a situação é desconfortável, sem dúvida, mas tranqüilize-se, não é perigosa.
Helicópteros a parte, que só deverão recolher algum doente mas nem todos os helicópteros do Peru podem recolher 2000 pessoas. Um " gafanhoto" no jargão aeronáutico carrega em média 15 pessoas, portanto, o bom senso manda que as 2000 pessoas sejam alimentadas, mas não transportadas.
Aliás estranhei o número de 2000 visitantes. Só se o trem dos turistas, que pode transportar mais ou menos 1200 pessoas não pode voltar e os turistas se juntaram aos poucos, que como eu, fizeram a viagem por conta própria, que é sem dúvida a melhor.
Dessa forma se fica com a ruína vazia até mais ou menos 14 horas. Nada contra os colegas turistas, mas Machu Piccho é pequeno, com passagens delimitadas e a chegada de mais ou menos 1000 pessoas com o trem, polui muito. Se você chegou cedo, a pé, pela linha do trem até a estação Machu Pichu, me ouça: encerre a visita.
São excursões de japoneses que chegam com bandeirinhas, mexicanos com megafones e se tivermos 1000 pessoas, serão 1000 máquina fotográficas flashando.
Portanto o melhor é justamente ir até Ollantaytambo com o trem, e dormir em Águas Calientes. Esse nome vem de antigas águas termais freqüentadas pelos incas e seus antecessores, e no dia seguinte acordar cedo. Mas para quem está encalhado, quem sabe voltar a pé até Ollantaytambo, não seria ruim, uns 40 km em aclive ou outra alternativa que eu chamaria de solução Suplicy: relaxa e goza.
Se eu estivesse por lá, só uma das hipóteses eu tiraria da lista: embarcar em um helicóptero peruano. Já evitei helicópteros nepaleses, com manutenção...nepalesa. Fui a Nanche Bazar a pesito, 12 dias, mas tudo bem.
Acima de tudo, Águas Calientes é uma pequena cidade, não faz muito frio e deve-se comprar sacos de dormir, como em todos os lugares de viajantes.
Por isto, console-se. Pior seria se seus queridos tivessem ido ao Haiti.
terça-feira, janeiro 26
Cuidar, pagar, consertar, limpar
- É justamente nessa época do ano, que os proprietários de casas de veraneio são obrigados a trocar o prazer de expandir seus horizontes, pela incumbência de usufruir do mesmo destino de sempre.
E eu já posso imaginá-los, suarentos, procurando quem conserte seus refrigeradores afetados pela maresia ou pela falta de uso.
Outros estarão em busca de mão de obra, que ajude a reposicionar as telhas deslocadas durante as muitas chuvas, responsáveis por goteiras na sala, pelo cheiro de mofo em tudo ou pelas janelas emperradas.
Atividades sem fim, e a fatídica certeza de que será preciso voltar no ano seguinte, refazer tudo de novo e no outro, e no outro...também.
Pois enquanto um cidadão for proprietário de uma casa de veraneio, dela será escravo.
O tempo e os custos de manutenção diminuem a chance de que vá para qualquer outro lugar, a não ser para casa que possui, e que provoca a inveja de seus amigos.
Me dizem que isso é um fenômeno mundial.
Tenho inúmeros amigos que antes viajavam mundo afora e acabaram cedendo à tentação de adquirir uma casa desse tipo. O mais recente é o Luiz Carlos Caporalle.
O entusiasmo inicial pela aquisição revela-se o que de fato é: um golpe fatal na possibilidade de sentir-se atraído por um outro destino.
Adeus a Cancun, bye bye Caribe!
Capão da Canoa, I am here!
sexta-feira, janeiro 22
Haiti? Qual dos Haitis?
Tenho evitado falar no Haiti.
A nossa mídia, melhor informada do que eu, preenche muito bem o assunto, com gente enviada e comunicação imediata. Viva o satélite!
Tragédias a parte, não é o Haiti que nos chama a atenção e sim a sua colocação geográfica.
O Haiti é uma vila africana incrustada na América.
Existem centenas, iguais ou até piores, entre o Sahara, África do Sul e Naníbia , aquela que era tão limpa, que nem parecia África.
Não sei se você viu, mas no fim de semana, um dos canais pagos, mostrou um documentário sobre o Malawi. A produtora foi a pop star Madonna, provavelmente com seu Jesus. Uma dupla imbatível.
Como não assisti, pedi a Silvia, minha assistente que escrevesse algo do que viu.
Veja o que ela diz:
"Não tinha conhecimento desse país, e apenas havia ouvido falar dele, na época da confusa adoção feita por Madona de uma criança nascida lá.
Pois nesse último final de semana, a HBO mostrou o documentário " I am because we are", produzido por ela, após receber uma carta de uma mãe aidética que pedia para que ela fosse conhecer o país.
E assim, meus olhos, e meus ouvidos, se voltaram para o Malawi.
Situado entre a Zâmbia, Tanzânia e Moçambique, também paupérrimos, tem 2 milhões de crianças órfãs e 60 mil pessoas morrendo de AIDS anualmente. Altíssimo grau de analfabetismo, principalmente entre as mulheres, que por uma questão cultural, ficam em casa cuidando dos irmãos e botando mais crianças no mundo.
E alguém lembra do Malawi?
Fiquei impressionada e surpresa ao me dar conta que há vários Haitis por aí.
O Malawi é um Haiti mesmo sem terremoto.
O Flavio tem razão quando diz que a localização e o terremoto é que nos chamou atenção.
Tragédia é existirem vários Haitis."
O que diz a Silvia ficou claro na ocasião do acidente de Samora Machel, presidente de Moçambique na época. No enterro viam-se umas 30 pessoas com ternos excelentes, gravatas de grife e sapatos brilhando, na poeirenta caminhada até o tumulo e a seguir milhares de pessoas mulambentas e descalças.
Eu estava na frente da TV do hotel, em Johannesburg, e entendi melhor a África olhando durante alguns minutos as imagens, do que com minhas viagens ao continente.
Constrange-me escrever isto após a devastação. O país já não tinha nada antes da tragédia, imagine agora.
Não é que não tenham hospitais, mas não tem sequer água para lavar as feridas. A única razão para a população existir é manter a administração, seja quem for. A realeza, o Papa Doc, o Baby Doc, o eleito padre Aristides, tão gato como os outros.
Se acharem que eu exagero, lembre-se que o " presidente" de Uganda, um país também miserável, há uns 2 anos atrás comprou 18 BMW’s 4x4 de 220 mil dólares cada. Uma para cada uma de suas concubinas...e o povo aplaudiu.
O Haiti só nos choca, porque está no lugar errado. Estivesse na África, seria apenas mais um, mas nem por isso devemos deixar de ajudá-los.
quinta-feira, janeiro 21
Wrooooon....vai começar a temporada!
E nós Ferraristas brasileiros, como é que ficamos?
Leio que as atenções do cavalinho rampante estão centralizadas no espanhol Alonso.
Na apresentação oficial, nos Alpes italianos, disse o diretor, Domenicali, em várias entrevistas e em vários idiomas: Alonso é o único piloto ( em atividade) que venceu Shumacher na pista.
É verdade. Venceu dois mundiais e pode representar a preferência ferrarista.
Os jornais espanhóis têm desconhecido Massa. Segundo eles o duelo será Shumacher X Hamilton X Alonso, comenta a revista especializada Autopista.
É claro que não gostei...mas sem dúvida o Asturiano é um dos mais talentosos pilotos da temporada.
Tem 2 campeonatos e um retrospecto muito bom.
É bicampeão. Massa só tem um vice.
O espanhol tem 140 GPS disputados e 577 pontos.
O nosso paulista 114 largadas, 320 pontos totais, sendo que 11 vitórias e 25 pódios.
O espanhol tem 21 vitórias e 53 pódios.
Melhores voltas? O nosso tem 12, o espanhol 13.
É o único percentual do retrospecto que favorece o nosso piloto.
Sempre brinco com o Gelatiere Giordani, que para quem nasceu em Botucatu ele até que foi bem longe, e sofreu um acidente também inédito, inacreditável. O mais estranho da F1.
Nascer em Botucatu é sina ou destino?
Quem eu gostaria de ver na F1 seria o Pizonia, não pelo talento, que desconheço, mas gosto do sub título " The jungle driver", acho a gloria.
Voltando ao Massa, mesmo em desvantagem no retrospecto, torço por ele. Além de Ferrarista é brasileiro.
Para quem já torceu pelo Barrichello, acho que tenho mais chances agora.
quarta-feira, janeiro 20
Aviões de caça para que?
O fato de eu ter "brevê" de piloto privado, não me autoriza a analisar aviões que voam a mais de 2.000km por hora.
Minha licença é modesta. Posso voar monomotores até 1.500 kilos, mas como quem vai julgar e comprar conhece bem menos que eu, me atrevo a dar um pitaco, afinal: If the birds can fly, so do I.
Acho que quem deveria analisar é quem conhece o assunto e principalmente quem vai estar no "hot seat"( cadeira quente) no jargão aeronáutico.
Não quero analisar tecnologia, mas vamos reconhecer. Somos um país grande e com poucas pistas de pouso. As que temos por aí são curtas para operar aviões pesados ou muitos velozes, principalmente se voltando de missão com cargas explosivas não usadas.
Se você está lá em cima, convenhamos, é bom saber que tem uma autonomia de 4.000 km como o sueco e não os 1850 do francês ou os 2350 do americano. Isso dá tranqüilidade, pois você tem o dobro da autonomia, o dobro do tempo para procurar uma pista aceitável.
Quem sabe na Europa isto não seja importante, mas aqui?
Claro, em caso de perigo, sempre sobra a possibilidade de ejetar o banco com para queda e esperar que os 50 milhões de dólares pagos por nós, não caiam na cabeça de ninguém.
Lembre, a cada avião, serão 50 milhões de dólares a menos em escolas, hospitais, saneamento, água potável, estradas ou se você preferir em bolsa família, vale cultura, filmes auto elogiáveis etc...
Você escolhe. Bem, não é bem você, é o nosso iluminado, que para seu uso optou por um avião estrangeiro e não por um da Embraer.
Para terminar: o Ministro da Defesa da França (O Jobim deles), disse que não dá para comparar o Rafale com o Gripen, que este não existe, não voa.
Fui conferir. Pois o Gripen "não existe", mas vende, o caça francês existe, voa sem dúvida, mas não vende.
Até hoje, 20 de janeiro de 2010 ninguém o comprou.
Mas já que tudo que se escreve não é lido...Viva a Carla Bruni!
PS: O Jayme Copstein voltou, acesse http://www.jaymecopstein.com.br/.
É uma leitura obrigatória. Sabe tudo, desde a arca de Noé até quem faz o melhor filé em Poa.
segunda-feira, janeiro 18
Churrasco é mesmo coisa nossa?
Voto nele desde que a VEJA me distinguiu, nomeando-me como um de seus jurados.
Voto nele para tudo. Doces e salgados, secos ou molhados e se um dia ele fizer sushi, sashimi, shanxeres e shapecos voto também.
Voltando ao churrasco, o Marcelo Patissier é gaúcho, mas não é da fronteira, não monta a cavalo, nunca usou bombacha, botas, guaiaca ou xiripá.
Esporas? Já viu fotos.
Mas confirma a minha tese, hoje reconhecida por muitos: que os melhores churrascos estão nas regiões italiana e alemã, e que os piores são os comidos na fronteira.
Uma cidade é o meu parâmetro: Santana do Livramento.
Do nosso lado, onde no 20 de setembro desfilam 3 a 4 mil gaúchos a cavalo, não se consegue comer um só pedaço de carne bem assada, e do outro lado de uma linha imaginária, todos os assados são bons.
Além disso, tem parrilada com morrones, morcilla, salsicha, dulce de leche e isla flotante, tudo bem feito.
Nunca imaginei, nunca pensei que uma linha imaginária tivesse o poder de endurecer uma costela de um lado, e de amolecê-la, assim que se passa a fronteira.
Estes dias, numa janta contei esta apreciação a um grupo. Um dos presentes, que é da campanha, perguntou com certo desdém: "Mas onde foi que o tal Marcelo aprendeu a assar?"
Fui obrigado a dizer: "Na Suíça!
quarta-feira, janeiro 13
O verão chegou. Viva o sorvete!
As instituições que deveriam ser sérias já deixaram de sê-lo, mas com freqüência ouço: futebol é coisas séria, carnaval é coisas séria.
Me lembro até de ter ouvido que política é coisa séria, se é que foi...faz tempo.
A verdade é que com o verão o consumo de sorvete aumenta e pelo menos na Itália, o sorvete é coisa séria, movimentando milhões de euros.
Gente de todo o mundo vai até lá para aprender, inclusive o Roberto Giordani. Aprendem lá a fazer sorvete e dinheiro.
Sorvete é um refinamento em torno de todo o mediterrâneo, tradição essa que dizem ter se iniciado com os egípcios.
Não consigo imaginar um faraó lambendo uma casquinha ou a Cleópatra preparando um "gelato" para o Marco Antonio, mas não vem ao caso.
A verdade é que nos últimos 50 anos, italianos tem produzido máquinas para sorvetes, na mesma região e com o mesmo requinte que produzem Ferraris e Lamborghinis.
Conseguem produzir cristais de gelo com menos água, menos ar e mais sabor.
Em algumas semanas os alunos saem da Carpigiani University capazes de transformar caixas de creme ou sacos de frutas em gostosos sorvetes e com a metade da gordura de um ice cream americano.
Sorvete hoje é uma pequena extravagância, uma luxuria para quem mesmo com a recessão ainda pode se dar a pequenos prazeres.
Por outro lado, sorvete é o negócio que mais cresce e se espalha pelo mundo afora.
Assim como foi a pizza na década passada, a Gelato University tem 87% mais alunos do que no ano passado e de todos os cantos do mundo.
A idéia de quem vai até lá para fazer o curso é ter sucesso, até porque o preço do curso é alto: 1052 dólares por semana, mais passagem, estadia etc... mas sai de lá sabendo tudo, até que sorvete não é coisa que se congele, esfrie e volte a congelar.
Tem quer ser consumido logo após a fabricação.
Uma das alunas diz: " Em setembro passado é que entendi o que é um verdadeiro sorvete.Quando provei, algo se iluminou em mim e pensei- é isso que quero fazer na minha cidade."
segunda-feira, janeiro 11
Somos os verdadeiros culpados?
Lembrem que a própria União Européia levou mais de 20 anos para começar a se estruturar e mais uns 10 para selarem um acordo. Isso que eram todos vizinhos e bem alimentados.
Imagine agora, países tipo Noruega, Mali, Austrália, Coréias e Honduras?
Vamos levar muitos anos e muitíssimas reuniões para chegar a algum acordo. Acho até, que para início foi bom.
O que não entendo é a delegação brasileira, ente 700 e 800 delegados ( no auditório cabiam 1000 pessoas). A conta você pode imaginar com quem ficou.
De qualquer forma, a humanidade tem que tomar alguma atitude.
Só depende de nós é o que se ouve. Bom, não é bem assim.
Por exemplo, o que fazer com esses vulcões em erupções permanentemente? Eles jogam na atmosfera milhões de detritos incandescentes que junto com gases nocivos aumentam a temperatura da terra.
Um só deles, o Kilauea está desde 1983 jogando para fora as entranhas da terra, milhões de toneladas incandescentes.
Será que as oferendas de garrafas de gim, os tapetes de flores sobre a calçada de pedras negras podem ajudar? Ou quem sabe podemos esperar que a voz de alguma mulher vestida com um *sarong*, cantando um antiga melodia pode colaborar?
Na cerimônia sua voz parece vir da profundidade da cratera central. Os turistas baixam a cabeça, não sei se para verem melhor as entranhas da terra ou é uma reverência natural aos deuses das profundidades. Quem sabe a melodia distraia os demônios e embale os espíritos?É o que eu espero.
A Big Island, tem uns 10.000kms ² e ali mora pouca gente, mas não tente entender o seu clima. Tem uma dúzia de micro climas, inclusive um que produz neve, neve mesmo, para se esquiar, e não só um vulcão. Cinco deles.
Depois da cerimônia os visitantes caminham por uma trilha e descem (pelo lado de fora tá?)para olhar os rios de lava borbulhante criarem nuvens de vapor quando se chocam com as águas do Pacífico.
Os mais ansiosos, preguiçosos ou apressados claro, podem ver tudo isso de helicóptero ou podem também aumentar a caminhada até a beira do parque e entrar num ofurô ao ar livre. Você recém viu o inferno, mas vai pensar que está no paraíso, apesar de seu drink com chamas.
quinta-feira, janeiro 7
Pelos mares do mundo
Por que o assunto me interessou?
Porque até o presente, a mais jovem navegadora a dar a volta ao mundo " em solitário" foi Tânia Aebi, filha de um amigo suiço que mora em Nova York. Este, chegou jovem a Manhattan, desenhando caricaturas em bares e esquinas...bem, hoje como bom suíço é um homem rico. Sua filha com o patrocínio da Rolex, saiu de Nova York sem saber navegar. Levou uma semana até chegar as Bahamas, quando a guarda costeira já havia sido acionada. Ela chegou, ou seja, aprendeu a navegar quebrando a cara.
Usava um sextante de plástico que o sol havia entortado. Quando chegou a metade da viagem no Taiti, soube que havia morrido sua mãe, já debilitada por longa doença.
Interrompeu a viagem e tomou um avião para a Genéve.
Mais ou menos um mês depois, volta ao Taiti, reinicia a viagem e a termina antes dos 18 anos, com festas e foguetes, no New York Yatch Club.
O livro que escreveu chama-se Maiden Voyage, e o livro escrito por seu pai é Seasons of Sand.( foto anexa)
O pai também tem um parafuso a menos. Navegador que aprendeu por correspondência e ensinou (mal) a filha.
Correu 2 ou 3 Paris X Dakar e no seu último livro, o Ernst Aebi ( espero que não seja o ultimo) conta a história de uma tentativa sua em recuperar uma antiga vila perto de Timbuktu, na África é lógico, cuja riqueza eram 3 poços d'água, ou seja, ponto obrigatório dos caravaneiros e seus camelos carregados de sal.
A iniciativa ia muito bem, mas o sucesso e a "riqueza" proporcionado pela organização e limpeza dos poços etc...trouxe de volta os ódios tribais, e hoje tudo voltou as ser tomado pela areia.
O pai e a filha são membros do Explorer Club onde se reúnem uma vez por mês os grandes aventureiros que estiverem em Nova York.
Quanto a jovem navegadora da notícia, a Laura...se eu souber o restante da história repassarei aos blogueiros, mas não esqueçam, este é um país de futebol. Se fosse um problema da unha do dedo minguinho de um craque, todos nós saberíamos e o nosso iluminado faria até uma tese sobre ela.
Como ela é só uma navegadora, vamos ver.
terça-feira, janeiro 5
Voltando ao Schumi
Agora leio no “ Daily Mirror”, que está muito próximo dos acontecimentos, pois Londres é a capital das equipes de Fórmula 1, que a Mercedes triplicou seu ganho...
Que diferença faz?
O que há é um prazer, um desafio e a gratidão aos carros prateados. Ela fez muito por ele quando iniciava a carreira e até o catapultou dos esportes- protótipo para a F1 quando um piloto belga se envolveu em uma briga em Londres e foi em cana. (Acho que foi o Gachot, Bertrant Gachot)
Portanto, acho que ele volta pelos holofotes, pelos aplausos e desafios, nada mais nobre.
Lamento pelos nossos novatos e pelo veterano Barriquello, que perdeu mais de uma chance de calar a boca (que grande piloto seria o Bariquello mudo)
Pra guiar é preciso treino, mas acima de tudo talento. Se colocarmos um Bird Clemente ou um Luizinho Pereira Bueno, hoje com seus cabelos brancos, nos carros e pistas da época, eles repetem os seus tempos do passado, sem nenhuma dificuldade, por pouco tempo é claro, ambos estão lá pelos 65/70 anos.
Lembro de um inglês que lecionava na França. Tinha guiado sport protótipo e rallys muito bem, mas se desinteressou. Quem sabe um novo amor, um outro esporte, mas as vezes a chama sagrada voltava a arder e ele refazia alguns contratos para ver se alguma das escuderias tinham um carro de sobra.
Sempre tinham, e ele barbarizava, nem sempre vencendo é claro, mas sempre fazendo os melhores tempos. Depois sumia por um tempo.
Quem me contou sua história foi Paul Frere na tribuna de uma 24 horas em Le Mans.
No verão seguinte, novamente junto com o belga Paul Frere o vi guiar um velho Porshe RSK em Buenos Aires com uma habilidade extraordinária. Sempre no limite mas com uma suavidade, o carro deslizava na pista como um autorama.
Foi apludido por todos os profissionais quando atrás dos boxes colocava o Spyder no Parque Cerrado.
Isto é que me lembrou a volta do Schumacher. Lamento pelos novatos e pelo veterano Bariquello. Não sei se o Alemão correrá toda a temporada, pode ser que o incenso sagrado pare de arder, mas vamos observá-lo bem enquanto estiver na pista.
Vale a pena!
PS- Como faz falta o Jorge Letry. Nunca antes na história deste país deixei um nome em branco. Era só telefonar para ele.
segunda-feira, janeiro 4
Jovens, velhos e dinossauros
A pergunta tem sentido. Nunca antes na historia da F1 alguém ganhou mais títulos, e ganhou mais dinheiro, portanto, pode-se dizer o que se quiser, menos, que ele precise de $$$ e que não tenha talento (sua fortuna é estimada em 800 milhões de dólares). Portanto, ele volta a correr por gostar...
Só quem ainda não se deu conta disto foi o Rubinho
Porque alguém com 40 anos hoje não pode guiar?
Balzac insinuava que aos 30 a mulher começava a envelhecer. Hoje se vêem verdadeiras deusas com o dobro da idade que ele as imortalizou.
Além disso, o que foi acenado para ele é com excelentes motores da Mercedes e um grande
acertador de conjuntos o Ross-Brown, que ganhou o campeonato com dois pilotos médios, tanto que não recontratou nenhum deles.
Já aos brasileiros, para quem torcerei apesar de ferrarista, mal e mal sabemos o nome e as escuderias? Quem já ouviu falar em Campos Meta? E Manor que virou Virgin?
E o Bariquello, que se acha por ser piloto da Lótus, que Lótus? Lótus asiática?
Oficialmente re- nascida em Kuala Lampur , usa o nome da tradicional Lótus que deixou as pistas na década de 90. Seu dono Collin Chapman, você deve lembrar, jogava um boné preto, destes de marinheiro, cada vez que um de seus bólidos chegavam em 1º e jogou dezenas deles.