Tenho evitado falar no Haiti.
A nossa mídia, melhor informada do que eu, preenche muito bem o assunto, com gente enviada e comunicação imediata. Viva o satélite!
Tragédias a parte, não é o Haiti que nos chama a atenção e sim a sua colocação geográfica.
O Haiti é uma vila africana incrustada na América.
Existem centenas, iguais ou até piores, entre o Sahara, África do Sul e Naníbia , aquela que era tão limpa, que nem parecia África.
Não sei se você viu, mas no fim de semana, um dos canais pagos, mostrou um documentário sobre o Malawi. A produtora foi a pop star Madonna, provavelmente com seu Jesus. Uma dupla imbatível.
Como não assisti, pedi a Silvia, minha assistente que escrevesse algo do que viu.
Veja o que ela diz:
"Não tinha conhecimento desse país, e apenas havia ouvido falar dele, na época da confusa adoção feita por Madona de uma criança nascida lá.
Pois nesse último final de semana, a HBO mostrou o documentário " I am because we are", produzido por ela, após receber uma carta de uma mãe aidética que pedia para que ela fosse conhecer o país.
E assim, meus olhos, e meus ouvidos, se voltaram para o Malawi.
Situado entre a Zâmbia, Tanzânia e Moçambique, também paupérrimos, tem 2 milhões de crianças órfãs e 60 mil pessoas morrendo de AIDS anualmente. Altíssimo grau de analfabetismo, principalmente entre as mulheres, que por uma questão cultural, ficam em casa cuidando dos irmãos e botando mais crianças no mundo.
E alguém lembra do Malawi?
Fiquei impressionada e surpresa ao me dar conta que há vários Haitis por aí.
O Malawi é um Haiti mesmo sem terremoto.
O Flavio tem razão quando diz que a localização e o terremoto é que nos chamou atenção.
Tragédia é existirem vários Haitis."
O que diz a Silvia ficou claro na ocasião do acidente de Samora Machel, presidente de Moçambique na época. No enterro viam-se umas 30 pessoas com ternos excelentes, gravatas de grife e sapatos brilhando, na poeirenta caminhada até o tumulo e a seguir milhares de pessoas mulambentas e descalças.
Eu estava na frente da TV do hotel, em Johannesburg, e entendi melhor a África olhando durante alguns minutos as imagens, do que com minhas viagens ao continente.
Constrange-me escrever isto após a devastação. O país já não tinha nada antes da tragédia, imagine agora.
Não é que não tenham hospitais, mas não tem sequer água para lavar as feridas. A única razão para a população existir é manter a administração, seja quem for. A realeza, o Papa Doc, o Baby Doc, o eleito padre Aristides, tão gato como os outros.
Se acharem que eu exagero, lembre-se que o " presidente" de Uganda, um país também miserável, há uns 2 anos atrás comprou 18 BMW’s 4x4 de 220 mil dólares cada. Uma para cada uma de suas concubinas...e o povo aplaudiu.
O Haiti só nos choca, porque está no lugar errado. Estivesse na África, seria apenas mais um, mas nem por isso devemos deixar de ajudá-los.
sexta-feira, janeiro 22
Haiti? Qual dos Haitis?
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