quarta-feira, março 31

Páscoa nos Andes


Assisti a celebração na região dos Andes onde existe a exaltação a data.
Nunca entendi bem o por que, pois é uma celebração do invasor.
Isto acontece na parte da cordilheira peruana e quem sabe também na costa, onde nunca assisti.
Na verdade, todos explodem em festa durante a Semana Santa. As coloridas celebrações misturam ritos cristãos com elementos do paganismo, arraigados entre os descendentes dos Incas que ainda habitam cada vale da Cordilheira.
Para eles os Andes são a terra prometida. O culto à Pachamama, ( a mãe terra), resiste firme na Bolívia , no Peru e Equador.
São os chamados filhos do Sol.
Eles foram estimulados a compartilhar e a assimilar outras culturas.
O Império Inca havia se consolidado assim absorvendo e preservando costumes das etnias anteriores. Eles só se tornaram os mais falados por nós por estarem no poder quando chegaram os europeus.
Acho, portanto que é da natureza ameríndia associar novos costumes aos seus hábitos ancestrais e a Semana Santa é a expressão máxima da fé cristã. As comunidades andinas encenam, cada qual a seu modo, o sofrimento, a morte e o renascimento do Cristo que lhes foi imposto pelos invasores e que aprenderam a respeitar, mesmo sem entender.
Há celebrações em centenas de vilas e segundo me disseram uma das de maior representatividade é a que assisti em Arequipa com direito a procissão, auto flagelo etc...
Começa na Quarta Feira Santa e participam milhares de pessoas – boa parte viajantes que vem de longe, atraídos pela cerimônia.
Além deste por tradição a cidade promove, no Sábado de Aleluia, uma feira popular onde se vende artesanato, se bebe a chicha ( um tipo de cerveja de milho) se toma sopa e se masca folha de coca.
Com o acontecido recentemente no Chile, me lembro que a bela Arequipa, leva às ruas, entre outros andores, o do Señor de los Temblores. O culto remonta a 1650, quando um terremoto destruiu parte da cidade.
Na quinta feira não sei bem o que acontece, mas na madrugada da sexta lembro que os tambores rufam novamente. O som crescente dos instrumentos anuncia o começo da Paixão de Cristo. Tem início um dos momentos em que se pode visualizar a abissal discrepância social entre a esmagadora maioria indígena e a elite de raiz espanhola.
Mas tudo se fundiu com a fumaça dos incensórios usados para purificar as ruas de Arequipa, uma das mais belas cidades do país.

segunda-feira, março 29

Aquecimento global

Já li e provavelmente você também que o declínio da civilização Maia se deve as alterações do ecossistema.
O clima não os eliminou de uma só vez, mas foi determinante no processo de declínio.
Quando os espanhóis chegaram, os Maias não eram mais uma civilização poderosa, não era sequer uma sombra do seu passado.
Lembrem-se que eles desenvolveram uma refinada astronomia, um calendário de 365 dias, um sistema matemático.
Teriam sido vítimas da destruição Do ecossistema e de um crescimento populacional acelerado.
Os espanhóis teriam sido a "gota d' água". Quem diz é o pesquisador Renato Grandelle.

Já lá perto do Pólo Norte na Groenlândia também há indícios de mau tratamento do solo e mudanças naturais do clima.
Quando lá chegaram, os vikings no primeiro ano da civilização cristã, a região era verde e fértil. Após quatro séculos, as geleiras avançaram e o mar se fechou de gelo.
O frio era demais para a agricultura, a pesca e a navegação tornaram-se impraticáveis. Tudo isso expulsou os vikings.

Outro livro, de Wolfgang Behringer destaca que a região do Sahara no século 7 AC também era agriculturável.
Existiam vegetação e umidade, favorecendo a agricultura e pecuária.
O clima foi mudando e os que viviam ali tiveram que se mudar para sobreviver.
Como curioso, fui buscar estes exemplos compreensivos e distantes entre si. Mostra um prejuízo óbvio para quem desmatou e procriou exageradamente (se a TV tivesse sido inventada antes...quem sabe?)
Mas também não se pode dizer que os efeitos se deram pela intervenção do homem, emissões de CO por automóveis, chaminés e usinas etc...só viriam muitos séculos depois.
Devemos cuidar do nosso planeta, sem dúvida. Aumentar a eficiência dos motores, incrementar a energia limpa, produzir menos lixo, mas temos que aceitar também que os motores a combustão interna, ainda terão uma vida longa pela frente.
Quem comprará um carro elétrico que custa o dobro? Com uma autonomia de 100kms e horas para recarregar como fala o Presidente da Fiat na Veja.
Troca rápida de baterias?
A idéia é ótima, mas são pesadas e diferentes. Montar uma rede para trocas levaria anos e ainda custaria uma fortuna. (Sequer conseguimos unificar os carregadores de telefone)
Portanto, vamos fazer o dever de casa e deixar de culpar o ser humano por tudo que acontece.
Alguns ciclos segundo os cientistas se alteram de 600 em 600 anos, mas o dever de casa não nos salvará das catástrofes naturais: vulcões, terremotos, maremotos etc...

sexta-feira, março 26

A guerra do Rio

O petróleo ainda está escondidinho a cinco ou seis mil metros e já estamos brigando pela divisão do resultado final, que se sair, sai lá por 2020.
Nada mais latino que contar com o ovo de amanhã.
O pensamento do deputado Ibsen Pinheiro é claro. Se o petróleo é do Brasil é de todos os brasileiros, mas na minha opinião o mesmo fim deveria ter o dinheiro dos minérios.
O que me deixa encucado é que tenho uma página inteira de um jornal canadense de domingo com uma análise dizendo que o "sand oil" ( o deles vem de um lugar arenoso) a 2.300 metros não é lucrativo com os preços atuais.
A análise é ótima, mas a conta é difícil de fazer, pois não fala no tipo de petróleo. Se é leve, pesado ou médio, o que muda totalmente o custo de refino a ponto de às vezes não valer a pena. (Politicamente sempre vale à pena).
Além disto, as energias alternativas, os motores de combustão interna mais eficientes estão em franco desenvolvimento, assim como o armazenamento de energia (baterias) o que leva a crer que o ouro negro não subirá em curto prazo.
Fico em dúvida, portanto, entre o racionalismo anglo saxão e o despautério latino.
Sabemos que a Petrobrás é competente em extração, mas há sérias dúvidas quanto à sua administração. Assim, com qualquer descuido podemos ficar como no poema:
E agora, José? A festa acabou...a luz apagou... o povo sumiu... a noite esfriou... e agora, José?
Em todo caso, acho bom visitar o Rio AGORA!

quinta-feira, março 25

Chile, lo siento por vos y por nosotros


Do Chile vêm algumas notícias tristes para os tomadores de vinho.
Quase nenhuma vinícola escapou impune do terremoto. Mesmo as que não foram destruídas tiveram enormes prejuízos com garrafas quebradas, barricas rachadas e problemas com a colheita que já havia se iniciado.
Lá a colheita é mais tardia e a tragédia veio em fevereiro 27. Muitos não colheram porque não tinham onde depositar a safra e quase nenhuma "bodega" escapou incólume.
A Região do Maule há uns 100 km ao sul de Santiago foi a mais prejudicada.
Até inaugurações foram canceladas. Falo da Errazúriz, novíssima e que resistiu sem problemas graves, mas ficaram sem estradas, comunicações,
aeroportos, ou seja, não havia como prosseguir.
A Wine Spectator e o Wines of Chile avaliam a perda em 200 milhões de litros de vinho, mas os consumidores do produto não precisam se preocupar. Vinho não vai faltar.
Segundo algumas estatísticas, o mundo tem estocado 2,4 safras, o que é bastante, mas para um pequeno país como o Chile 200 milhões de litros nos dá o tamanho da tragédia.

quarta-feira, março 24

Existe reciprocidade?

Reciprocidade era o título de um interessante comentário que li, e chego a conclusão que os países procuram cumprir os acordos firmados.
Quase duzentos países procuram ser gentis. Respeitam as normas e se livram de indivíduos comprometidos que precisam vigilância, ocupam espaço, ou seja, dão despesa.
Parece que somente nós invertemos a ordem.
A sábia observação dizia:
A Tailândia extraditou PC Farias para o Brasil.
A justiça Paraguaia extraditou Fernandinho Beira Mar para o Brasil.
A justiça de Mônaco extraditou Salvatore Cacciola para cá.
A justiça da Islândia extraditou o Hosmany Ramos de volta para as nossas cadeias.
Por que Lula se recusa a extraditar o assassino Cesare Battisti para a Itália?

O autor da nota é Moyses Cheid Junior de São Paulo
jr.cheid@gmail.com

segunda-feira, março 22

A história se repete

Há uns 20 anos atrás a Ferrari não vinha numa boa fase.
Derrotas, quebras e acidentes e para aumentar a tristeza, morre o líder, Enzo Ferrari, que mesmo já aposentado, era o Capo, fundador, ex piloto, construtor e estrategista.
O campeonato prossegue.
Próxima prova após a sua morte o Grande Premio da Itália, o GP de Monza..
Tarjas negras, justas homenagens, minuto de silencio etc...
Roncam os motores e 1h e 30 minutos depois, sem muito esforço uma inesperada vitória Ferrari, mais que isto a dobradinha, primo e secondo.
Mesmo os mais sépticos olhavam para o céu a espera de um sorriso do Comendatore.
Os anos passam, a temporada de 2009 foi fraca para a escuderia do Cavalino Rampante, muito fraca.
100 pontos a menos que a Brawn no campeonato de construtores.
Apreensão nas ostes italianas para o campeonato de 2010 e tristeza para nós: morre o italiano Ferdinando Bulgarini, o Conde Bulgarini, que além de hábil na cozinha era um torcedor símbolo do cavalino.
Ligávamos para ele nos revezes, e nas vitórias, nos consolávamos com ele e uma maldade nossa, hoje reconhecida: adorávamos ligar para ele minutos antes da largada, para vê-lo nervoso, ligado na TV e gesticulando como bom italiano. Queria desligar, mas queria também nos fazer mais perguntas, até que se dava conta e vinha com: Va fa´n cullo!
2010 início da temporada, o primeiro sem sua presença.
Vitória da Ferrari, mais que vitória, primo e secondo. Não me lembro de um início de temporada tão favorável aos carros vermelhos.
Desta vez nós é que olhávamos para o céu e tínhamos vontade de dizer: Gracie Bulgarini.
Quem o conheceu tem certeza que ele e o Zio Enzo tramaram alguma.






sexta-feira, março 19

Execução

Li na Zero Hora de ontem e transcrevo a opinião do promotor Dr. Eugenio Amorim.
A nota diz: Em matéria de punição, o promotor Eugênio Amorim é radical. Crê que muitos criminosos só obedecem a um temor, a morte. Ele acha que a adoção da pena capital no Brasil teria efeito pedagógico, embora não cesse com a violência.
Concordo com ele. Como discordar se temos todos os dias às reincidências dos mesmos marginais. Chega de achar que a sociedade é culpada. Se há alguém culpado são os que gastam mal, muito mal os impostos que arrecadam.
Veja o que e como estão resolvendo o problema do outro lado do mundo.
Frequentemente comentamos sobre a objetividade dos asiáticos, dos chineses mais especificamente e do sucesso do país que tem crescimento de 10% ao ano.
Vivem em um país de difícil administração e com uma população mais ou menos oito vezes maior que a nossa.
Com extremos distantes, vários idiomas, dezenas de etnias e pouca terra agriculturável.
Uma polícia dura e pena de morte os ajuda a controlar o chamado "Império do Meio" que é a tradução de Chun-Kuo, como eles chamam o seu país.
Não se sabe quantos são executados ao ano, mas acredita-se que o número chegue a dez mil.
O número assusta: dez mil é a população de uma cidade pequena, nem tão pequena, mas num assunto tão tétrico não quero dar exemplos.
Segundo o governo, para "humanizar" as execuções criaram uma frota de 40 micro ônibus que tirando a sirene do teto e as janelas escuras não tem nada de especial.
Dentro tem uma maca e lugar para cinco pessoas: o médico, o oficial de execução e os guardas.
Quando ele chega à cidade, vai direto ao presídio e os condenados sabem que o seu tempo se esgotou. O prisioneiro é tirado da cela, amarrado a maca e recebe a injeção. O procedimento é transmitido ao vivo às autoridades locais.
Se houver mais algum condenado, repete-se a operação e em caso contrário o ônibus segue em direção a outra cidade.
A idéia de andar pelo país executando pessoas mesmo que condenadas é aterrorizante, provavelmente nunca ocorreu a escritores de ficção científica.
Segundo as autoridades é uma tentativa de "humanizar" o sistema.
"Eu tenho orgulho de ter criado os ônibus, eles são como uma ambulância disse Kang Xhongwen ao jornal US Today.
Algumas ONGS dizem que os ônibus têm também outra função: extrair órgãos para serem usados em transplantes.
A ilustração é de Zé Otávio
Texto base de Cintia Bertolino

terça-feira, março 16

1982 se repetirá em 2010?

O meu amigo Alemão Octávio, numa conversa de bar, sábado, me perguntou sobre uma possível "escalada" do conflito entre Argentina e Gran Bretanha.
O motivo, claro, já motivou muitos conflitos: petróleo.
É bom que se diga que o Alemão Octávio ( é Medeiros de Albuquerque, mas nasceu loiro e virou Alemão)
É meu único amigo que visitou o Arquipélago das Falklands ou Malvinas, além disso, é fluente nos dois idiomas. O inglês ele aprendeu de pé o espanhol deitado.
Telefonei ao Mendelski que cobriu o conflito anterior, mas ele estava em Jurerê Internacional, aliás um jornalista internacional não iria a Jurerê Nacional. Sorry.
Bem, Octávio a meu ver a possibilidade é remota.
A Argentina, que se saiba, digo isso, porque entre os seus novos amigos tem o Chaves que está gastando milhões em armas e comprando títulos da dívida pública da Argentina, ou seja, em ambos os casos, acelerando os seus fins.
Fora dessa associação, não tem equipamento para iniciar e manter um conflito armado.
A Presidente tem tido o bom senso de não comprar sistemas bélicos de ataque ou defesa.
Que eu saiba os jatos disponíveis dos hermanos tem uns 30 anos de uso. Coragem aos pilotos não falta, mas não chega...
Já os ingleses aprenderam no conflito anterior ( 1982) que tinham que proteger o arquipélago e os " kelpers" ( originalmente o nome é de uma alga) que virou apelido dos moradores.
Também pelo que se sabe, montaram uma base com 4 caças Typhoon e que seus pilotos estão prontos para combaterem em 5 minutos após o sinal de alerta.
Quem sabe seja só uma cortina de fumaça, mas com o exemplo anterior é melhor e acima de tudo mais prudente não conferir.
Se no passado podia ser bravata, hoje com a crescente tensão certamente não é mais.
O General Galtieri arriscou do seu gabinete, mas quem morreu foram os soldados, na sua maioria do norte da Argentina.
Ele blefou achando que antigos senhores dos mares não viajariam 14 mil quilômetros para proteger umas ilhas geladas e uns mil cidadãos britânicos.
O erro custou caro. Hoje não há uma " Dama de Ferro" mas há um país que zela por manter o seu prestigiado passado.

Alemão, abraços..é só o que sei

segunda-feira, março 15

Porto Alegre ou Forno Alegre?

Não sei quem inventou o "Forno Alegre".
O Veríssimo, de quem sempre se pode esperar coisas brilhantes, acho que não foi, pois toda a semana o leio e quando não é assunto político, vou até o fim.
Deve ter sido algum blogueiro inspirado. Meus parabéns, pois a sacada foi ótima.
Sempre ouço: calor senegalês, e até uso o termo calor porto-alegres, mas não define nossa cidade tão bem como Forno Alegre.
A propósito, será que faz tanto calor no Senegal?
Estive perto, na Mauritânia, mas era inverno, e além de tudo deserto, ou seja, com pouca umidade.
Imagino que o Senegal, que é um pouco acima da linha do Equador deva ser como a nossa Amazônia.
Temperatura? Menos de 30, umidade 99%
Bem, o nosso Forno Alegre teve temperaturas incomuns e por sorte acabei não indo ao norte da Argentina, como estava programado.
Para a região que eu ia, passaria por Entre Rios/ Santa Fé/ Salta ou Córdoba onde faz um calor insuportável.
Já passei dias sufocantes ali, viajando com um jipe e um trailer. Mesmo assim, devo ter ficado longe do recorde da região, 49,1°C em Villa Maria del Rio Seco.
É uma região linda, mas árida e com a Cordilheira ao lado impedindo que cheguem os ventos.
Em compensação, no norte argentino, os oriundi estão fazendo ótimos vinhos.
O que é um calor insuportável para nós, não preocupa quem vive em Al- Aziziyah na Líbia, onde já fez 57,8°C.
Fique tranqüilo que foi em 1922, portanto nada a ver com as culpas que os verdes/naturebas nos atribuem. As emissões na época eram insignificantes perto das de hoje.
Aliás, o tio Benito tentou agregar a Líbia no seu Império....que já não era bem Império, mas uma tentativa de refazer o "maré nostrum" como o chamavam os romanos que ali fizeram inúmeras cidades cujas ruínas históricas estão lá até hoje.
Não sei se o Mussolini já sabia que ali tem petróleo e a importância que ele viria a ter nas próximas décadas.
Mas quem acha que o clima está meio pirado deve estar com razão.
Nos mesmos dias em que aqui fez aquele calor insuportável, no sul da Argentina, em Bariloche, segundo o Clarin , nevou e a temperatura chegou a 4°C com rajadas de vento de 40km.
Eu mesmo me lembro de ter passado por ali com neve num final de janeiro. Entre Puerto Mont e Bariloche, dormimos em umas cabanas e na manhã seguinte abrimos a janela e estava tudo branco, a moto quase coberta por meio metro de neve.
Portanto, que o clima está meio maluco, eu concordo, mas não é de agora.

sexta-feira, março 12

A hora e a vez de Caxias do Sul.


Pois é, Uruguaiana está fazendo escola.
Como diz "O Pioneiro" de ontem dia 11, inicia-se hoje o carnaval temporão.
Temporão por que? Quem disse que folia tem dia e hora programada no mundo inteiro?
Com a inteligente decisão, fogem da concorrência, estão sós na telinha e ainda aproveitam as arquibancadas do desfile da Festa da Uva, que terminou a semana passada.
Economia como só gringo sabe fazer.
Agora...se eles sabem sambar é outra coisa.
Os uruguaianenses tiveram como "professores" os fuzileiros navais, ali sediados, pois é fronteira e os marinheiros são na maioria cariocas, nortistas e nordestinos, lhes ensinaram os segredos do samba.
Vamos ver como se saem os meus conterrâneos, pois vontade não falta e vinho também não.
A foto é de Daniela Xu.

quarta-feira, março 10

Parabéns Uruguaiana!

Com o seu carnaval particular a cidade prolongou a temporada de férias e movimentou a cidade.
Grande número de hermanos atravessaram a fronteira e alegraram os donos de hotéis, restaurantes, comércio e alguns até desfilaram.
Queiramos ou não as férias vão até o carnaval. Não está escrito, mas é assim.
Salvo algum escândalo e as roubalheiras de sempre, muito pouco acontece do Natal ao Carnaval.
Se você não crê, pergunte ao dono do boteco que você freqüenta. Aqui na capital, em Uruguaiana ou na orla.
É curioso que com meu discreto apoio ao carnaval fora de época, recebi uns puxões de orelha por ter desconsiderado a quaresma.
Logo eu, que claramente falo que não sou religioso, mas agnóstico, evolucionista e se quiserem darwiniano.
A quaresma é um comportamento pedido por uma religião e a professa quem a ela pertence.
Você vai ou não vai a uma festa pagã conforme a sua consciência.
O que seria oportuno é diminuir a hipocrisia. Repito, não é obrigatório, assim como quem não é chegado a um tambor não vai a Cidreira para a festa de Iemanjá.
Uma bela festa por sinal, mas vai quem quer, assim como o carnaval.
Mas sobre tudo isso há sempre concordância- dos q ue coordenam o carnaval- até a uma submissão. A folia tem que ter uma data fixa.
Por que uma festa pagã deve ter sua data marcada por quem a combate?
A folia tem que ter uma data fixa para que ela possa ser mais bem organizada, sem a coincidência de outros eventos. Às vezes os carnavalescos tem 40 dias, as vezes 60 ou 70 dias.
É difícil para o calendário escolar, para a hotelaria, para quem tira férias, para quem vive do carnaval vendendo púrpura ou tocando em orquestras.
Se tivéssemos mais cidades como Uruguaiana poderíamos ter vários pontos de alegria em todo o RS e mais eventos, que é o que nos falta.
Portanto, repito o título, "Parabéns Uruguaiana", sendo o 5º carnaval em época própria, já comprova o acerto da opção.
De outra forma, como poderia um peão de estância ou um pescador da barranca do Uruguai ver uma mulherão como a Viviane Araujo, quase pelada e de perto?
E precisa? Não, não precisa, mas é muito bom. Você pode até não gostar, mas aí já é outra coisa. Neste caso a sua opção só vai melhorar se você sair do armário, mas armário todo mundo tem, se você for fino ou rico, saia do closet.

PS: Foto de Anderson Petroceli-ZH

segunda-feira, março 8

Cidades

O texto sobre o meu city tour em Porto Alegre foi escrito sem que eu pensasse escrever uma continuação.
Agora, voltando de Santa Catarina, fico ainda mais chocado com a sujeira que descrevi no texto anterior, e me constrange falar sobre Floripa.
Não do que sempre falamos como praias, pamonhas, caipirinhas, água clara, quente, mas do comportamento de seus cidadãos, que pejorativamente chamamos, os Catarina, os Mané, até de Ilhéus ( quem em português de Portugal é uma palavra pesada, entenda-se, caipira)
Pois bem, chame-os como quiserem, mas a cidade deles está limpa. O lixo está no lixo e não ao redor das cestas coletoras, a grama aparada etc...e uma frase está presente em muitas esquinas: Quem dá esmola não dá futuro.
Me perdoem os aprendizes do Cirque de Soleil que temos em cada esquina e que repetem todos os mesmo show.
Por que estão lá?
Porque alguns, querendo diminuir a sua culpa os estimulam.
Por que as escadas de igrejas estão cheias de pedintes? Eles sabem que a proximidade com Deus faz os crentes abrirem a carteira com mais facilidade.
Por que não doar a instituições responsáveis?
Dizer que a culpa é do prefeito? Não, a culpa é nossa.
Sempre foi assim e quem culpa o poder é quem está na oposição, é atitude política.
Quanto a Floripa, quem sabe eles precisem do turismo mais do que nós, é bem provável, e por isso nós que não dependemos dele, podemos sujar a cidade?
Lamentavelmente o casal de ingleses que ciceroneei por aqui não viu Santa Catarina. Foram embora antes, pelo menos eu poderia argumentar que no Brasil há gente, e cidades de todos os tipos.

Em tempo: O casal mora em frente ao Rio Tamisa, que já foi uma cloaca e hoje até salmões são pescados ali, O 1º capturado, aliás, ainda vive num aquário. É exemplo para todos, portanto, é possível.
Só depende de nós.

sexta-feira, março 5

Oi! Skindun...skindun...


O carnaval sempre passou ao largo da minha vida.
Nascido na serra é claro que não sei sambar.
Devo ser ruim da cabeça (provavelmente) ou doente do pé (com certeza), como já atestava o samba.
Gringo sambando, parece urso amestrado. Só que urso não coloca os dois indicadores para cima.
Assisti várias vezes o espetáculo ao vivo no Rio de Janeiro, antes do atual Sambódromo.
Era meio bagunçado mas espetacular, só que na manhã seguinte, depois de destilar as caipirinhas e tomar um chuveiro, tudo se esvaía.
Para quem é do ramo, a classificação, o samba enredo e as reminiscências, são temas de conversas para o ano inteiro.
Até lamento em não gostar. Invejo como se divertem.
Ontem li no jornal que 6ª feira começa o Carnaval de Uruguaiana e que vai um monte de gente para lá.
Primeiro, achei que o jornal era velho, mas não.
É que os uruguaianenses tiveram a boa idéia de estabelecer uma data própria e com isso fogem da concorrência co Rio, São Paulo, Bahia e até Porto Alegre.
Estão sozinhos na TV, e isso favorece o espetáculo, pois vem gente famosa, sambistas espetaculares, fantasias gloriosas e até jurados, pois estão disponíveis.
Facilita e melhora tudo para o turismo, hotelaria, restaurantes etc...
Aliás, cada cidade deveria escolher a data, conforme a sua conveniência, e integrá-la na programação dos seus festejos.
Pergunto: Por que uma festa absolutamente pagã, deve ter a sua data vinculada a um calendário religioso?


PS: Foto de Anderson Petroceli, ZH

quinta-feira, março 4

Com o tempo.....



Recentemente fiz aniversário, e uns amigos franceses e gozadores me mandaram o cartão ao lado.
Ora! Um cartão convencional, em plena época digital, foi uma festa. Saí com ele e mostrei a meus amigos num almoço.
Todos gozaram com o gracioso Sharpei, simpático e cheio de pregas.
Quando cheguei em casa, coloquei o cartão em um aparador com espelho, lugar onde ficam as chaves do carro, controles de portão etc...
Automaticamente me olhei no espelho... e achei que eles tem ( ou tinham) razão.

terça-feira, março 2

Morte em Havana

Sou um blogueiro analógico e também por isto algumas postagens saem com atraso.
No caso mais recente, um homem morre de inanição na cadeia em pleno século XXI, e se dá pouca importância.
Um homem preso por idéias, preso por pensar de forma diferente.
Ao contrário do italiano Battisti, Orlando Zapata não cometeu crime algum, não participou de roubo, seqüestro ou motim.
Não houve sangue. Foram suas idéias, diferentes das de seus algozes que o tornaram culpado a uma pena de 56 anos de prisão, (depois reduzidos a 25).
Portanto, acho que o dia 25 p.p, não é um dia de luto para a família Zapata, mas para toda a humanidade.
Sabemos que pessoas eram jogadas e esquecidas em masmorras na Idade Média.
Hoje, em 2010, isto é inacreditável, com um detalhe: essa morte não ocorreu no ardor revolucionário, quando com freqüência são cometidos desatinos.
Isto acontece 51 anos após a tomada do poder, após o sacrifício de duas gerações, e até hoje, a ilha não consegue prover o seu sustento.
Importa 80% do que consome, e a culpa é dos outros... dos EUA, claro.
Seria bom dizer a eles que os italianos e alemães chegaram aqui só com enxadas.
Não me lembro de outro exemplo de tamanha incompetência produtiva e os chefes fanfarrões da América Latina, ainda vão lá pedir a benção.
Jamais algum dos que freqüentam a Ilha, comentou sobre direitos humanos.
O que disseram as autoridades? Disseram que o morto havia causado problemas... e provavelmente para que não houvessem mais problemas...
Antes do enterro prenderam mais 100 pessoas.
Quem carregou o caixão foram policiais.
A família assistiu de longe.

segunda-feira, março 1

Idéias alheias

Recebo da minha amiga e leitora essa carta aberta ao jornalista Flavio Tavares e a publico na íntegra.


Caro jornalista Flavio Tavares,

Acho que falando com o jornalista e não com o ex amigo tenho mais liberdade de contestar.
Não sei o que frequentas mais atualmente sBúzios ou Porto Alegre, mas faço te uma pergunta:
quando foi que ultimamente nas ultimas decadas tens tido a alegria de ver o cais do porto?
Será que o muro que o cerca te lembra alguma coisa e queres que fiquemos eternamente com o cais escondido atras do muro??? Acho que há comparações melhores para nosso cais que Saigon...
Só nas questões energéticas que o governo Lula é inconsciente?
Sugiro que no próximo artigo analises a morte por greve de fome de teu companheiro cubano, ou será que esqueceste o que é ser preso por razões políticas? Aqui havia quem pedisse a tua liberdade, e em Cuba quem pede a liberdade dos presos plíticos? E o teu ídolo Lula vai lá e como comentário só tem a "lamentar"?
Caro jornalista, não esqueça teu passado, há causas mais urgentes a defender que o cais do porto de Porto Alegre e os indios. Será que já pensaste no quantidade de velhos deste pais que depois de trabalhr uma vida inteira tem uma aposentadoria miserável? Já pensaste em te engajar numa uma campanha anti violencia?
Queres atingir a quem, ao Fogaça e prestigiar o Tarsso? Ser amigo do Lula?
Flavio não te reconheço ultimamente. Lamento te escrever isso mas como não sou uma voz solitária, há muitos compartilhando minha posição, me atrevo a te enviar este recado.

Um abraço Eva Maria Boeger