sexta-feira, agosto 28

A ensolarada rota dos pintores


Os campos de alfazema dão belas fotografias em tom violeta. A gastronomia também é inspiradora.
A Provença, no entanto dispensa tudo isso.
Cartão postal é para reles mortais. Os franceses dessa região, no sul da França, têm um estilo próprio de promoção, a pinceladas.
Quando se visita museus, lá está a Provença.
Há paisagem provençal.
Quadros do francês Paul Cézanne se encarregam de mostrar ao mundo sua região natal- ele nasceu em Aix-en-Provence, em 1839.
O holandês Vincent Van Gogh também se refugiou por lá, no fim do século 19.
Muitos pintores se interessaram por esse pedacinho ensolarado no sul da França, terreno fértil para experimentações com cores.
A luminosidade dessa faixa próxima do Mediterrâneo é a justificativa para tamanho interesse. " A luz é intensa, a natureza tem contornos diferentes".

terça-feira, agosto 25

Canadá




A idéia de rodar em um motorhome nos pareceu perfeita para o Canadá, afinal teríamos paisagens deslumbrantes pelo caminho e liberdade garantida na estrada, e segurança absoluta.

Decidimos começar a viagem em Vancouver. A empresa que aluga esse tipo de veículo fez sugestões de roteiro, mas deixamos parte aos cuidados do acaso e aos conselhos do Flavio Steiner e de sua M. Her Andréia.

Não nos arrependemos. Eles estão lá há 2 anos e sabiam das nossas preferências turísticas.
As boas surpresas superaram em muito os pequenos percalços, se é que existiram.

Vancouver foi uma coadjuvante de luxo nessa aventura.
Embora estivesse longe de ser o foco da viagem, a cidade concentra tantas atrações, que ficamos mais tempo por lá.

Tomamos posse de nosso recreational vehicle.
Nos explicaram como funcionava a casa: a manutenção do tanque de água e de esgoto, o gerador, a eletricidade, o ar condicionado.

É bom que se diga que motorhome não é uma curiosidade. Já fomos a Nova Zelândia, Austrália, e a África do Sul com veículo semelhante, e nos últimos 2 anos, é o nosso meio de transporte na América do Sul. Recomendo-o a todos.

Viajar com a casa nas costas é um prazer, é uma filosofia, não uma forma econômica de viajar.

Depois de levar a bagagem para dentro e organizar um pouco, nossa primeira parada como sempre, foi no super mercado onde compramos comida, bebida e produtos de limpeza.
Afinal, nossa casa iria conosco a todos os lugares. Se alguém tivesse fome, era só entrar e fazer um lanche.

Dormimos em campings bem diferentes e nas cidades. Os que ficam dentro de parques, eram os mais bonitos. A infra-estrutura é menor, mas as vagas ficam mais isoladas, no meio de árvores ou às margens de rios. Concluímos que os campings públicos são mais interessantes que os particulares, além de terem um astral melhor, promovem palestras, apresentações teatrais, e documentários sobre a flora, fauna e clima da região.

Nossa rotina variava pouco e os dias eram longos. Clareava por volta das 5 horas e só anoitecia às 22 horas. Pulávamos da cama e após o café caíamos na estrada. Nosso plano era dirigir mais atentamente pois o caminho incluía além das várias atrações, panoramas extraordinários, e ursos, alces, cabras de montanha, as famosas "big horns" .

Assim que chegávamos aos campings, dávamos uma volta para confraternizar e decidíamos sobre o que comer, o que fazer. Ir a cidade? Ás vezes já haviam fogueiras , para assar batatas, cebolas , queijos e salsichas e até umas costelinhas. Mesmo assim, o paladar anglo saxão é outro. A qualidade é ótima, mas o que muda é o paladar.

A comida não foi o ponto alto da viagem, mas deu até para degustar um belo salmão, e também, pizza, macarrão. Por volta das 23h caíamos na cama.

E assim foram se passando esses 32 dias mágicos, a bordo de um carro-casa. Pela janela vimos a geleira Columbia Icefields, o Esmeralda Lake, as montanhas dos parques nacionais de Jasper e Banff.
Era só abrir a cortina e olhar os cenários.

Viajar de motorhome é preciso. Nem que seja uma vez na vida.

Fale conosco: delmese@terra.com.br

quinta-feira, agosto 20

Andar por aí


Falar de viagens é um dos meus grandes entretenimentos.

Os nossos leitores certamente já andaram por aí e cada um deles tem experiências interessantes para contar.

Essa curiosidade de conhecer lugares dá energia e prazer e acho até que nos estimula a ampliar os horizontes. (isto se você tiver "olhos de ver", como dizem os portugueses).

Sempre me atraíram destinos pouco conhecidos. Comecei ainda na adolescência, no Brasil, e pela região Rio Platense, favorecido pelo preço, proximidade e pelo idioma.

No passado, é bom lembrar, se ouviam muito as rádios argentinas e uruguaias. Tanto que, ao passar a fronteira, se entendia quase tudo. Com algum esforço até se falava.

Assim, ainda jovem, conheci do calor extremo do norte Amazônico e o gelado sul do país.Depois, aos poucos, as coisas mudaram.

Hoje, gosto de viagens mais confortáveis, mas me atraem mesmo as de “aventura”.

Estar num lugar elegante, numa grande metrópole é tão bacana como andar por Timbuctu ou no Tibet. Viajante gosta mesmo é de ver o que se passa nas ruas.

Quanto a hotéis, prefiro ficar com os que tem a cara da cidade, do país, do que me hospedar em hotéis de rede, com decoração universal.

Já com a comida, não sou regionalista. Vou a todos os restaurantes, mas tomo cuidado. Seleciono o quanto posso o tipo de comida. Grelhados, massas, ok. Evito pratos com molho para a viagem não acabar antes do tempo.

Além disso, um bom guia é essencial. Gosto do “Lonely Planet”, escrito por australianos que amam viajar. Tem dicas ótimas. Para grandes cidades, há um mais descolado e mais urbano: “Time Out”, de qualquer lugar.

Outro ponto importante para tudo dar certo é a escolha dos companheiros. Você só vai conhecer a verdadeira personalidade de alguém quando tiver que dividir tempo, espaço, humor e dinheiro fora de casa. Já vi muitos amigos brigando para sempre depois de uma viagem. É sempre bom ser iniciado em viagens por amigos que gostam de viajar. Mas não tive essa sorte.

Os jovens brasileiros do passado não viajavam. O litoral no verão era o limite, esquecendo que, atrás daquelas ondas, estava a fascinante África.

A fábrica de automóveis em que trabalhei, me levou para a Europa pela primeira vez. A partir daí, continuei a querer conhecer o mundo todo. É bom que se diga, lá por 1960, uma viagem custava o preço de um automóvel. È isto mesmo, não se surpreenda. Uma viagem à Europa custava o preço de um Fusca, porque a Varig nos cobrava o que queria. De lá pra cá, o preço era 40% menor, mas as companhias estrangeiras não podiam vender.

Portanto, se você naquela época, não foi ou queria e não podia, a culpa não é só sua, mas do monopólio também.

Sempre achei viajar essencial para a minha saúde mental. Ir para um lugar longe e desligar. Numa viagem curta, é impossível.

Falta de preconceito também é fundamental para um viajante. De New York ao Marrocos, do Peru ao Japão, de Las Vegas ao Egito, da Sicília à Islândia. Ir ao Iêmen porque viu uma cena legal num filme do Passolini, chegar ao Everest porque é a maior montanha do mundo, ir ao México ver a Semana Santa ou Finados.

A curiosidade faz a gente sonhar e se surpreender sempre. Com ela, criamos um mundo vivo, alegre, colorido e vibrante.

Nosso mundo é a gente que faz!

Fale conosco: delmese@terra.com.br