terça-feira, novembro 3

A cidade rosa


Petra está toda a noite nas nossas casas.
Esqueça texto e falas que são iguais as da novela passada, e mesmo sem turbante me atrevo a prever que será igual a próxima.
Fiquei ali alguns dias e posso lhe dizer que é um pouco difícil entender o conjunto, pelo que tem sido mostrado na telinha, mas convenhamos que não é a proposição da emissora.

Imagine o desfiladeiro. A parte alta é que foi esculpida e escavada pelos Nabateus. No trajeto tem pouca coisa, só algumas tumbas sem expressão e no fim é que tem um grande espaço onde estão as ruínas, feitas pelos romanos. Por que os romanos?
Qual o interesse dos romanos? Bem, ali era um entroncamento, portanto, uma forma de controlar e pedagear as caravanas.

Petra é um deslumbre em pedra.
Muito mistério ainda ronda a Cidade Perdida. Sabe-se que a região é habitada desde a pré- história e que os Nabateus, povo árabe nômade, chegaram no século 3º a.C. atraídos pela localização estratégica.

Foram eles que talharam toda a cidade nas encostas das falésias.
O Tesouro, a maior fachada, teria sido um dos templos mais importantes e, hoje, é a imagem mais divulgada da Jordânia, cenário até de filmes do Indiana Jones.

Com as novas rotas marítimas, Petra entrou em decadência, e ficou esquecida até 1812, quando o explorador suíço Johann Ludwig Burckhardt, disfarçado de muçulmano, a redescobriu.

Hoje, para conhecer o sítio arqueológico, os turistas ficam hospedados em Wadi Musa, cidadezinha bem próxima do início do desfiladeiro.
Se você tiver a chance de ser apresentada a essa maravilha do mundo prefira o entardecer.
A primeira parte é adequadamente iluminada.
A curiosidade em desvendar Petra só aumentará até o dia seguinte, quando com a luz do sol, você ficará extasiado. E por mais fotos, e filmes que tenha visto nada se depara a esse lugar. Nada a ver com outras ruínas. É completamente diferente.

Petra é muito mais do que a fama que ostenta.
Só a trilha pelo desfiladeiro tem 2 km com altura média de 60 m e largura de 2 a 4 metros. O ângulo do sol faz brilhar os diferentes tons de rosa, e valorizar partes aparentemente sem graça a outra hora.

O impacto da chegada ao Tesouro, como é chamada aquela popular fachada esculpida, é enorme.
Quando a fenda se abre no desfiladeiro, surge uma coluna aqui, uma janela ali, outro detalhe acolá. Mais alguns passos, e o templo aparece por completo, imponente. Na fachada, perfeitamente talhada, há símbolos e imagens desconhecidas.

Os horizontes só se ampliam numa grande clareira quando se chega lá em baixo. A beleza natural e as dimensões arquitetônicas impressionam.
Há centenas de túmulos e templos desconhecidos, mas bem preservados, assim como cavernas, com gente habitando no paredão, mas com portas , janelas, vidros, cortinas e fechaduras.

Como de hábito, na época de domínio romano foi feita uma cidade e esta é diferente das outras, devido à situação de escarpas altas e pouco ou nenhum terreno plano, o que lhe dá uma característica única.

O teatro romano, talhado no sopé de uma montanha comportava 3 mil pessoas. Outro destaque são os túmulos reais.

Do alto de uma montanha, com vista para todo vale, está o impressionante Mosteiro, tão belo quanto o Tesouro, mas menor.
A subida é cansativa, mas reveladora. Por toda trilha, o caminhante verá moradores da região, crianças aquecidas por fogueiras dentro de tendas, bem como mulheres muçulmanas fazendo bijuterias e os homens lá fora vendendo, mascateando.

Outra experiência autêntica marca o fim da visita. Lá em baixo, no rústico bar, em uma meia gruta, o visitante tem a chance de sentar em tapetes e provar o chá quente e doce, muito doce, dos beduínos, servido por uma neozelandesa loira e de olhos azuis que casou-se com um deles. Quando se conheceram, ela só falava inglês e ele árabe. Pelo jeito deu certo, hoje eles tem cinco filhos.

Como se vê, não há limites para o amor!

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