segunda-feira, novembro 23

Hóspede indesejado

A vinda do Presidente do Irã tem estimulado muitos comentários e certamente mais um motivo de preocupação a observadores internacionais.
Nós, nascidos por aqui, nunca vamos entender o Oriente Médio, e os islâmicos em geral.
Claro que existem os mais ou menos radicais, os aculturados e milhões que vivem em países ocidentais, além de gerações que nasceram e vivem no ocidente e jamais foram até a terra de seus ancestrais. Mesmo assim temos que lembrar que muitos destes, estavam envolvidos na destruição das torres gêmeas.
Visitei o país antes da ascensão dos Aiatolás, e por certo não me sinto a vontade em tecer comentários definitivos sobre um país que visitei a tanto tempo.
Gostei da visita e além da capital estive em Persepolis, quando se preparavam para a festa dos 5000 anos da família real iraniana ( era mais uma mentira do Xá Reza Pahlevi, mas não vem ao caso).
Visitei também Mashhad, Tabriz , Isfahan e vilas menores, unidas por quilômetros e quilômetros de deserto. Fiz tudo por estrada, de ônibus interurbano, estradas com neve permanente, muito frio e ausência de vegetação, mesmo assim, gostei.
Até hoje procuro acompanhar o que se passa por lá através da imprensa internacional, pois no Brasil pouca coisa se publica e com razão.
O interesse só surgiu pela assustadora possibilidade de mais um país ter a bomba atômica.
Na ocasião da anunciada e depois cancelada visita do presidente, comentei o assunto no Programa do Rogério Mendelsky e minha apreciação é a mesma, portanto a repito.
O pouco que sei e cito são coisas da minha viagem e da mídia mundial. Por exemplo: Recentemente dois jovens com menos de 18 anos foram flagrados cometendo um crime segundo a lei local: se comportavam como namorados em público.
Após 14 meses de cadeia e 228 chibatadas cada, os dois foram enforcados em praça pública, na cidade de Mashhad, e não foram só eles.
Desde a ascensão dos Aiatolás no país, quatro mil homossexuais, homens e mulheres já foram executados – média de 153 por ano. O Irã não é a única nação islâmica que condena o homossexualismo.
A opção é considerada crime em 26 desses países.
Vários deles prevêem a pena de morte, mas é no Irã onde a lei é mais radicalmente aplicada, segundo afirmam entidades de defesa dos direitos humanos. As autoridades ali têm uma interpretação mais dura do Corão.
Eu não diria que a população iraniana é mais radical que outras nações islâmicas. São as autoridades que estão no poder que não abrem mão da pena de morte nestes casos. Vale para mulheres também, embora sejam os gays masculinos os mais perseguidos. De maneira geral, é preciso quatro testemunhas – homens, já que o depoimento de mulheres nunca é levado em conta. Uma vez sentenciados, aos “acusados” lhes é dada a graça de escolher como será a sua morte: enforcamento (a mais comum), apedrejamento, golpe de espada ou o lançamento do alto de um precipício ou de um prédio se for numa cidade.
Fiz esta exposição só para chegar ao ponto que interessa a todos nós. Um povo com este radicalismo, e o Ahmadinejad como presidente, deve ter tanto poder?
Acho justa a alegação de que se outros têm poder atômico, porque não o Irã? Mas mesmo que seja justa a igualdade, acho que acima de tudo devemos limitar ao máximo o número de países que possuem poder nuclear.
Sei que não estou advogando uma igualdade de direitos, mas tentando diminuir o numero de países com tanto poder.
Não teríamos sucesso pedindo que os países que já tem poder que destruíssem as suas bombas, pois o que vale não é só tê-las, mas saber fabricá-las e ter os meios para construí-las.
Ainda mais com os ódios tribais e religiosos tão antigos quanto o próprio Oriente Médio o que advogo é a diminuição de nações com tamanho poder, pelo menos é o que eu gostaria que acontecesse.

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