sexta-feira, novembro 27

O Peru está mais perto


Hoje é dia de falarmos na cultura andina.
É que para o desfrute dos viajantes e turistas, temos a partir de dezembro um vôo direto Porto Alegre/ Lima operado pela TACA.
Os vôos serão feitos nas terças, quintas e sábados.
Vai ficar mais fácil se aproximar da cordilheira.
Não é a toa que quando se fala nela, a civilização Inca nos vem à mente no mesmo instante. As anteriores ao incanato, ficam no esquecimento.
É que quando chegou Cortez, eram os Incas que estavam mandando e consequentemente foi sobre eles que escreveram.

Em apenas 300 anos com uma logística admirável, eles expandiram seus domínios a áreas onde hoje estão Chile, Argentina, Bolívia, Equador e Colômbia.

Cuzco, a bela Cuzco funcionava como a capital do Império.
Por volta do século 12, os Incas eram apenas um pequeno grupo tribal.
Diz a lenda e as lendas sempre são belas que Manco Capac recebeu do Sol a ordem de buscar um lugar para fundar o Império e saiu do lago Titicaca com um bastão de ouro que indicaria o melhor lugar.
Depois de muito buscar, Manco Capac e sua mulher chegaram a Cuzco e decidiram que ali seria a capital Tahuantinsuyo, também chamada de Império dos Filhos do Sol.

A palavra "inca" se refere ao imperador, cujo filho era considerado um semideus, alguém que ligava o céu e a terra. Seu poder era passado sempre ao primogênito.

Doze incas sucederam a Manco Capac e foram responsáveis por estender os domínios do império.
Em lugares privilegiados, é possível ver pedras esculpidas com condores, pumas e serpentes, animais considerados sagrados e representantes de três mundos: divino, terreno e dos mortos.

Os outros povos foram dominados, porém não eram submissos. A tentativa era integrá-los ao reino.
Os Incas destacaram-se também pela solidez de sua arquitetura, criada para suportar os constantes terremotos que ocorrem até hoje na região, tanto que os espanhóis construíram prédios, igrejas e mosteiros usando os antigos alicerces.
Além disso, tinham conhecimentos astronômicos com dados surpreendentemente precisos, principalmente se levarmos em conta que não conheciam lentes, telescópios e a escrita.

terça-feira, novembro 24

Um insulto a nossa imagem

Não sei até que ponto um Presidente, mesmo eleito pelo voto, pode dispor da imagem de seu país, recebendo com honras de estado um Presidente vencedor de uma eleição fraudada e antipatizado por quase todo mundo.
Tem toda a Europa unida contra ele. Unir os europeus não é muito fácil, é só rever a história.
E eu, leigo, me pergunto:
Será que num regime parlamentar isto seria possível?
Será que uma cadeira no Conselho de Segurança vale tanto?
Falo de segurança externa, ciente que dentro das nossas fronteiras não temos nenhuma.
Suponho que a conta tenha sido mais ou menos assim:
Há uns 30 países árabes (os iranianos parecem árabes, mas são farsis) e só um país judeu portanto na conta seriam 29 votos a favor e 1 contra.
Administrativamente parece que a teocracia iraniana também não prima pela competência, com a segunda maior reserva de petróleo, importam gasolina.
Será que uma foto ao lado de Ahmadinejad vale tanto?
Sua figura é uma ameaça, não um bálsamo. Seus amigos latino americanos não o recomendam...
No passado eu era metalúrgico e lembro de grupos que iam a rua protestar quando ditadores parecidos vinham ao Brasil e visitas foram canceladas pela imagem não recomendável.
Quem leu " O que é isso companheiro" e toda a minha geração leu, fizeram protestos até contra a vinda do Rockfeller, que nunca foi nada disso.

segunda-feira, novembro 23

Hóspede indesejado

A vinda do Presidente do Irã tem estimulado muitos comentários e certamente mais um motivo de preocupação a observadores internacionais.
Nós, nascidos por aqui, nunca vamos entender o Oriente Médio, e os islâmicos em geral.
Claro que existem os mais ou menos radicais, os aculturados e milhões que vivem em países ocidentais, além de gerações que nasceram e vivem no ocidente e jamais foram até a terra de seus ancestrais. Mesmo assim temos que lembrar que muitos destes, estavam envolvidos na destruição das torres gêmeas.
Visitei o país antes da ascensão dos Aiatolás, e por certo não me sinto a vontade em tecer comentários definitivos sobre um país que visitei a tanto tempo.
Gostei da visita e além da capital estive em Persepolis, quando se preparavam para a festa dos 5000 anos da família real iraniana ( era mais uma mentira do Xá Reza Pahlevi, mas não vem ao caso).
Visitei também Mashhad, Tabriz , Isfahan e vilas menores, unidas por quilômetros e quilômetros de deserto. Fiz tudo por estrada, de ônibus interurbano, estradas com neve permanente, muito frio e ausência de vegetação, mesmo assim, gostei.
Até hoje procuro acompanhar o que se passa por lá através da imprensa internacional, pois no Brasil pouca coisa se publica e com razão.
O interesse só surgiu pela assustadora possibilidade de mais um país ter a bomba atômica.
Na ocasião da anunciada e depois cancelada visita do presidente, comentei o assunto no Programa do Rogério Mendelsky e minha apreciação é a mesma, portanto a repito.
O pouco que sei e cito são coisas da minha viagem e da mídia mundial. Por exemplo: Recentemente dois jovens com menos de 18 anos foram flagrados cometendo um crime segundo a lei local: se comportavam como namorados em público.
Após 14 meses de cadeia e 228 chibatadas cada, os dois foram enforcados em praça pública, na cidade de Mashhad, e não foram só eles.
Desde a ascensão dos Aiatolás no país, quatro mil homossexuais, homens e mulheres já foram executados – média de 153 por ano. O Irã não é a única nação islâmica que condena o homossexualismo.
A opção é considerada crime em 26 desses países.
Vários deles prevêem a pena de morte, mas é no Irã onde a lei é mais radicalmente aplicada, segundo afirmam entidades de defesa dos direitos humanos. As autoridades ali têm uma interpretação mais dura do Corão.
Eu não diria que a população iraniana é mais radical que outras nações islâmicas. São as autoridades que estão no poder que não abrem mão da pena de morte nestes casos. Vale para mulheres também, embora sejam os gays masculinos os mais perseguidos. De maneira geral, é preciso quatro testemunhas – homens, já que o depoimento de mulheres nunca é levado em conta. Uma vez sentenciados, aos “acusados” lhes é dada a graça de escolher como será a sua morte: enforcamento (a mais comum), apedrejamento, golpe de espada ou o lançamento do alto de um precipício ou de um prédio se for numa cidade.
Fiz esta exposição só para chegar ao ponto que interessa a todos nós. Um povo com este radicalismo, e o Ahmadinejad como presidente, deve ter tanto poder?
Acho justa a alegação de que se outros têm poder atômico, porque não o Irã? Mas mesmo que seja justa a igualdade, acho que acima de tudo devemos limitar ao máximo o número de países que possuem poder nuclear.
Sei que não estou advogando uma igualdade de direitos, mas tentando diminuir o numero de países com tanto poder.
Não teríamos sucesso pedindo que os países que já tem poder que destruíssem as suas bombas, pois o que vale não é só tê-las, mas saber fabricá-las e ter os meios para construí-las.
Ainda mais com os ódios tribais e religiosos tão antigos quanto o próprio Oriente Médio o que advogo é a diminuição de nações com tamanho poder, pelo menos é o que eu gostaria que acontecesse.

quarta-feira, novembro 18

Salsichas


Volta e meia acontece em Porto Alegre eventos incomuns.
Nesse caso, o motivo da reunião é uma figura pública.
Está nas ruas, nos parques, nas campanhas publicitárias.
Difícil encontrar alguém quem não o conheça. Difícil encontrar alguém que não simpatize com ele.
Falo do “cachorro salsicha”, o Dachshund, ou Cofap se você preferir.

Quero comprar mais um, ou dois, tamanho " standart" , dourado. Quem sabe algum blogueiro poderia me ajudar?

Já houve o encontro dos Shnauzer, dos Dachshund claro e também dos Basset Hound, que devem ter sido ótimos. Já imaginaram uns 100 salsichões juntos, com aquela cara de pedintes e aquela falsa tristeza?

Não sei quando se repetirão os encontros. Os Dachshund têm muita vivacidade, e são muito divertidos.
Alegram uma casa e são muito inteligentes.
Mas, têm personalidade forte. São obstinados, não se submetem facilmente.
Aliás, um livro que li diz que eles não têm nenhum problema com educação, pelo contrário! Educam o dono em 15 dias.

Então, para quem deseja um companheiro obediente e disposto a acatar ordens, pode não ser o cachorro ideal, mas irreverência e teimosia fazem parte do seu estilo.
São apegados, mas não de ficar querendo colo e atenção. Ficam por perto, mas não exigem muito contato físico. Cada um na sua, como deve ser.
No Brasil é a 7ª raça mais registrada, mas é na Alemanha que o prestígio da raça alcança seu ponto máximo: é o segundo cão em quantidade de registros, ficando abaixo apenas do Pastor Alemão.

Acredito nas estatísticas alemãs, mas pelas ruas e parques há muito mais salsichas.
Quanto aos meus, a Família Pinochio, também estará representada, em algum próximo evento, se eles quiserem ir.
Salsicha não é bem assim: só vão se quiserem, se não tiverem um programa melhor no pátio, como passarinhos ou gatos da vizinhança.
Com os meus, por exemplo, não insisto e não troco muitas idéias. Já aprendi que eles sempre saem ganhando...o que não é novidade nenhuma para quem os tem.

segunda-feira, novembro 16

Viajar 2ª parte


Falamos principalmente em viagem, como se todos os leitores fossem turistas, mas viajar é uma coisa fascinante, irresistível.
Nesse momento deve haver milhares, quem sabe, milhões de barcos andando, de um lado para o outro, transportando contêineres, minérios, pessoas, mísseis.
Em todos os mares e oceanos, alguns veleiros com razoável chance de seqüestros, passam próximos a Seychelles, Ilhas Mauricio e Reunion.
Lugares paradisíacos.

Nunca entendi porque os cargueiros que andam por lá, não tem uma escolta embarcada ou alguns atiradores, que nem precisam ser de elite. Piratas, no caso, são alvos fáceis.
Aliás, os piratas sabem disto, tanto que não atacam barcos russos, pois, sabem o que é bom pra tosse, lembram o que aconteceu no teatro da Chechênia.

Viajar sempre foi importante, em todos os aspectos e não fossem as viagens o mundo seria outro.
Darwing precisou ir até Galápagos, para nos dizer que a história de Adão e Eva é pura fantasia. Como diz o samba, "Maçã igual aquela, o papai também queria."

Se não fossem as viagens, o que seriam das comidas inglesas? Já não são boas, sem os temperos indianos, seriam ainda piores.
O que seria do mundo sem as árvores que os mesmos ingleses espalharam pelo mundo? Da fruta pão ao eucalipto, e dos coqueiros a magnólia?
Mas hoje, todo indivíduo quer usufruir as benesses dos sistemas que deram certo.
Eu vivia em Londres quando jovens grávidas lotavam os aviões de Portugal, Espanha e Itália, para abortarem lá, (por conta do estado). Em seus países era proibido e acho que ainda é.

Portanto como já cansei de repetir, sou a favor dos vistos que restringem viajantes, sejam eles quem forem. Sei que os países não são propriedade exclusiva de quem nasceu ali.
Mas a meu ver, quem vive ali, tem direito a estabelecer a lei. Os que vivem ali, trabalham, pagam seus impostos e podem selecionar quem lhes interessam ou não.

Não, não é simpático, sei bem. Já fui barrado em Taiwan, pois eu tinha no passaporte o visto da China Continental. Na Albânia, provavelmente sabiam do meu passado na indústria de automóveis e não queriam que eu visse os últimos modelos de carroças.

Li há alguns dias que 82% dos moradores não queriam que Chicago fosse sede das Olimpíadas em 2016. Devem os administradores contrariá-los? Ou vocês acham que os italianos, espanhóis, franceses, gostam de ver as ruas de seus países cheios de ambulantes ilegais, e suas centenárias calçadas cheias de toalhas com quinquilharias?

Segundo outros é caminhando pelas ruas, que qualquer cidadão pode verificar a interminável variedade étnica que existe, e isto enriquece as cidades.
Pessoalmente discordo. Se quiser conhecê-los, vá até aonde vivem. Cada um é importante no seu contexto.

Há décadas que ando pelo mundo. Sou testemunha de países que tiveram de acolher imigrantes oriundos das colônias que ocuparam.
Outros tem a tradição de acolher exilados, como Escandinávia, França, Alemanha, México e o Brasil às vezes. Até 4 assassinatos parece não haver problema, mas vamos ver em breve.

quinta-feira, novembro 12

Viva Johannes Gutenberg!

Longa, longa vida aos livros !
Li com tristeza o artigo do Charles Kiefer.
Os dados são incontestáveis, e ele conhece o assunto.
Atente aos números, diz ele também. São silenciosos, frios e irrefutáveis. Diz também que vai acabar fazendo uma tele entrega de pipocas.
Pessoalmente, não serei seu cliente. Quero que ele continue nos entregando textos, idéias, sonhos, como se espera de um escritor.
Mas para isso, temos que ler mais, comprar mais e as escolas insistirem mais em leitura.
Às vezes falo em alguma palestra, e me surpreendo com gente que nunca leu, e quando leram não sabem o título, ou quando o sabem, não lembram o autor.
Convenhamos, não posso criticá-los se o nosso Iluminado se jacta de não ler os jornais e na televisão procurar os programas mais idiotas. (palavras deles)
Mesmo assim, desejo vida longa ao livro. Não vou me converter em leitor de telinhas. Nunca pensei em ir dormir e ao lado da cama ter um e-book, ou tomar um café da manhã com um * lapitopi* na mão.
Gosto do livro, do contato e até da posse.
Sei que não se pode misturar desejos com estatísticas objetivas como a do Sr. Kiefer, mas por enquanto ainda podemos sonhar.

terça-feira, novembro 10

Viajar 1ª parte


Carregar malas, esperar em rodoviárias, estações de trem ou aeroportos é apenas o inicio de um longo caminho que enfrentaremos pelo resto da vida.
Não há dificuldades que nos faça parar, a mim, e a todos que já começaram.
Passa a ser o nosso carma, a nossa sina. Falo por mim.
Já tenho planos para a próxima década. Quando os anos pesarem, continuarei, mas em vez de levar minhas câmaras a mambembear, irei a uma só cidade, um apart hotel, " bien placê" e próximo a uma cardio clinica. Não quero fugir da realidade, mas reafirmo que encaro a vida por largura e não por comprimento.

Viajar é e sempre será um prazer. Muda a arquitetura, mudam os templos, mudam os sabores as lojas e os trajes.
Tudo isso atrai. Até mesmo Portugal que contraria tudo o que estou dizendo, é um bom destino. Lá o idioma é semelhante, a arquitetura é semelhante, a comida é semelhante e paga-se em euros. Mau negócio, mas o que fazer?
É ir ou não ir.

Em outros lugares o idioma que se fala nem sempre é compreendido.
O alfabeto que se utiliza numa margem do rio não é sempre o mesmo do lado oposto.
Até o tempo é outro: o calendário que orienta a vida do povoado que estamos frequentemente difere do que é utilizado pela aldeia próxima.
As vezes nem o Natal existe. O início do ano tem outra data e até o ano tem outra conta.
No Nepal, por exemplo, os jornais vem com duas datas, com centena de anos de diferença, mas bem humorados comemoram os feriados em ambos.

Viajar nos faz ver ao mesmo tempo os fascínios do mundo. Em um hemisfério, jardim com flores, no outro os galhos já estão secos e os nossos passos ficam marcados na neve.

É o prazer e o mistério de viajar: nossas próprias convicções apresentadas às dos outros e com elas confrontadas.
A oportunidade de aprender e de ensinar. Sobretudo a chance de divertir-se com gente diferente.


sexta-feira, novembro 6

Nós ao redor do mundo


Se lêssemos um pouco sobre o país a ser visitado, evitaríamos boa parte dos constrangimentos a que nos expomos.
Sabemos disso, mas não o fazemos. Na última hora, é tanta coisa que vamos assim mesmo, mas também nada ocorre de tão grave que nos torne passiveis de deportação, nem algo que estrague o passeio ou tire as surpresas e novidades.

Sabe aquele que fala sem perceber e age de maneira estranha? Bem, aos olhos dos nativos, aquele pode ser você.
Isso porque, algumas atitudes normais no Brasil são consideradas invasivas e desrespeitosas em outros lugares. Uma delas é o comprimento com beijinhos e tapinhas nas costas.

Se estivermos na Itália, podemos tomar um susto, quando os homens trocam beijos junto com o trivial cumprimento, e não são apenas os mafiosos em reconhecimento ao capo.

Também vale pesquisar quais atitudes do dia a dia podem ser consideradas grosseiras no seu destino.
No Japão, por exemplo, falar alto e dar gargalhada pega mal e não se espirra ou assoa o nariz na rua. Bem, aqui também..
Na Alemanha, não é adequado cumprimentar alguém com uma das mãos no bolso.

Falando em mão, pegue sempre a comida com a direita, se estiver em locais como a Índia, Marrocos, Arábia Saudita. Isso porque é cultural por lá usar a esquerda apenas para fazer a higiene íntima.

Não é necessário aprender a língua em todos os lugares que você visitar, mas saber dizer alguma coisa é sempre mais simpático- nem que seja só "bom dia", e "boa noite".
Se for à França, capriche um pouco mais. Todos nós temos a obrigação de conhecer algumas palavras francesas, por estarem integradas aos bons modos do Ocidente.
Assim, alí use com mais ênfase: o com licença, o por favor, e o muito obrigado.

Além de saudações, pode ser uma boa idéia aprender alguns palavrões locais.
Por exemplo, como dirigir na Itália sem saber a palavra:" cornuto" ou levantar os dois dedos que significam a mesma coisa mas sem som...
Como já falavam os antigos, " Em Roma, faça como os romanos".

Se alugar um carro na Alemanha e entrar Itália a dentro, é quase certo que em algum entroncamento, você vá ouvir " Tedesco cornuto". Eles não resistem a uma placa alemã, mas se você fala italiano e tiver um estoque de ofensas prontas no bolso do colete, quem vai se divertir é você com a surpresa deles.

Já nos países anglo saxões, o sinal latino acima, não quer dizer nada, portanto em caso de necessidade extrema, levante o dedo maior da mão estendida. É o máximo que você pode fazer, os anglo saxões são paupérrimos em ofensas.

É de bom tom, ver como os outros se comportam antes de se expor. A pessoa que comete gafes geralmente está fora do contexto, um contexto que nem sempre entendemos e aí chamamos os ditos países de exóticos.
Portanto leitor, lembre : não existem países exóticos, exóticos somos nós, no país dos outros.

terça-feira, novembro 3

A cidade rosa


Petra está toda a noite nas nossas casas.
Esqueça texto e falas que são iguais as da novela passada, e mesmo sem turbante me atrevo a prever que será igual a próxima.
Fiquei ali alguns dias e posso lhe dizer que é um pouco difícil entender o conjunto, pelo que tem sido mostrado na telinha, mas convenhamos que não é a proposição da emissora.

Imagine o desfiladeiro. A parte alta é que foi esculpida e escavada pelos Nabateus. No trajeto tem pouca coisa, só algumas tumbas sem expressão e no fim é que tem um grande espaço onde estão as ruínas, feitas pelos romanos. Por que os romanos?
Qual o interesse dos romanos? Bem, ali era um entroncamento, portanto, uma forma de controlar e pedagear as caravanas.

Petra é um deslumbre em pedra.
Muito mistério ainda ronda a Cidade Perdida. Sabe-se que a região é habitada desde a pré- história e que os Nabateus, povo árabe nômade, chegaram no século 3º a.C. atraídos pela localização estratégica.

Foram eles que talharam toda a cidade nas encostas das falésias.
O Tesouro, a maior fachada, teria sido um dos templos mais importantes e, hoje, é a imagem mais divulgada da Jordânia, cenário até de filmes do Indiana Jones.

Com as novas rotas marítimas, Petra entrou em decadência, e ficou esquecida até 1812, quando o explorador suíço Johann Ludwig Burckhardt, disfarçado de muçulmano, a redescobriu.

Hoje, para conhecer o sítio arqueológico, os turistas ficam hospedados em Wadi Musa, cidadezinha bem próxima do início do desfiladeiro.
Se você tiver a chance de ser apresentada a essa maravilha do mundo prefira o entardecer.
A primeira parte é adequadamente iluminada.
A curiosidade em desvendar Petra só aumentará até o dia seguinte, quando com a luz do sol, você ficará extasiado. E por mais fotos, e filmes que tenha visto nada se depara a esse lugar. Nada a ver com outras ruínas. É completamente diferente.

Petra é muito mais do que a fama que ostenta.
Só a trilha pelo desfiladeiro tem 2 km com altura média de 60 m e largura de 2 a 4 metros. O ângulo do sol faz brilhar os diferentes tons de rosa, e valorizar partes aparentemente sem graça a outra hora.

O impacto da chegada ao Tesouro, como é chamada aquela popular fachada esculpida, é enorme.
Quando a fenda se abre no desfiladeiro, surge uma coluna aqui, uma janela ali, outro detalhe acolá. Mais alguns passos, e o templo aparece por completo, imponente. Na fachada, perfeitamente talhada, há símbolos e imagens desconhecidas.

Os horizontes só se ampliam numa grande clareira quando se chega lá em baixo. A beleza natural e as dimensões arquitetônicas impressionam.
Há centenas de túmulos e templos desconhecidos, mas bem preservados, assim como cavernas, com gente habitando no paredão, mas com portas , janelas, vidros, cortinas e fechaduras.

Como de hábito, na época de domínio romano foi feita uma cidade e esta é diferente das outras, devido à situação de escarpas altas e pouco ou nenhum terreno plano, o que lhe dá uma característica única.

O teatro romano, talhado no sopé de uma montanha comportava 3 mil pessoas. Outro destaque são os túmulos reais.

Do alto de uma montanha, com vista para todo vale, está o impressionante Mosteiro, tão belo quanto o Tesouro, mas menor.
A subida é cansativa, mas reveladora. Por toda trilha, o caminhante verá moradores da região, crianças aquecidas por fogueiras dentro de tendas, bem como mulheres muçulmanas fazendo bijuterias e os homens lá fora vendendo, mascateando.

Outra experiência autêntica marca o fim da visita. Lá em baixo, no rústico bar, em uma meia gruta, o visitante tem a chance de sentar em tapetes e provar o chá quente e doce, muito doce, dos beduínos, servido por uma neozelandesa loira e de olhos azuis que casou-se com um deles. Quando se conheceram, ela só falava inglês e ele árabe. Pelo jeito deu certo, hoje eles tem cinco filhos.

Como se vê, não há limites para o amor!