sábado, abril 3

Os ovos de Fabergé

Mesmo chocólatra assumido nunca entendi bem esta associação entre coelhos que põe ovos e de chocolate com um acontecimento que tem 2000 anos.
O chocolate só tem 500 anos pois foi encontrado em estado bruto pelos espanhóis.
Seja como for o formato de ovos é sempre o mesmo, mas alguns são famosos e levam os colecionadores a loucura.
Só para se ter uma idéia do que estamos falando, no último leilão, os ovos do Fabergé foram vendidos por 90 milhões de dólares.
Bem, vamos com calma. Os ovos não eram os do Fabergé, até porque eram três, mas feitos pela joalheria que levava e ainda leva seu nome.
Nascido na Rússia, filho de franceses, confeccionou os primeiros ovos a pedido de Alexandre III, o Kzar em pessoa, para presente de Páscoa para a sua mulher lá por 1880.
Seu filho Nikolas continuou a tradição(e não queriam que a revolução viesse?)
Com a Revolução de 1917 os ovos começaram a aparecer nos mercados de arte ocidentais, contrabandeados pelos novos donos do poder...
Agora, como o novo proprietário é russo, pode-se dizer que os ovos estão voltando para casa.
Tive sorte de ver nove deles numa exposição em Estocolmo há uns cinco anos atrás. Em que pese à perfeição me decepcionei, achei até um pouco kitsch.
Quem sabe por que eu imaginava que eles tivessem o tamanho da sua fama, e os maiores tem apenas um palmo de altura?
Quem sabe por que eu os analisava como um Kinder ovo de milionário?
Ou porque eu nunca me interessei por ovos de ninguém, nem mesmo do Fabergé.
Na realidade o erro foi meu em ter ido visitar algo pela sua fama ... e não pelo meu interesse.
A maior parte dos ovos exibidos na ocasião pertenceram a Czarina Alexandra uma das mais entusiasmadas colecionadoras.
No interior dos ovos há reproduções do casal, dos filhos, outro traz a réplica da carruagem no dia da coroação e assim por diante. A confecção de cada um teve aproximadamente 7.000 horas de trabalho.
Para minha surpresa encontrei na autobiografia de Nabokov o autor de Lolita que ele e a maioria dos intelectuais de San Petesburgo achavam os ovos ridículos feitos para seduzir o povo ignorante dos fundamentos da arte.
Minha auto estima foi absolutamente incensada.
Mas a verdade é que os ovos criados por Peter Karl Fabergé como presentes de Páscoa encantaram nobres e plebeus.
Mas o tempo foi passando e as mulheres que se engalfinhavam para ter algo com a grife Fabergé em poucos anos foram obrigados a vendê-los por uma pequena parte do seu valor e com isto financiarem sua fuga para a liberdade. Muitos se perderam, outros se quebraram e segundo se diz agregaram na sua fama a tragédia do assassinato da família Romanoff, onze anos após o fim da revolução.
Boa Páscoa!

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