quinta-feira, abril 22
terça-feira, abril 20
Islândia, o esplendor do gelo e do fogo
Sempre tive curiosidade pela Islândia. Quem sabe isso tenha vindo das leituras juvenis quando soube que ali, bem embaixo de uma grande geleira era entrada para uma "Viagem ao centro da Terra", a fantasia realista de Julio Verne.
Ele nunca foi lá, mas perdeu uma viagem insólita, fantástica, mas que não é para todos.
Se você é um "shopping lover", desista, não é para você. Até posso associar ao que dizia o meu guru Xico Stockinger. "Todos gostam de cravos e rosas, mas só alguns vêem a beleza de um cactos".
É mais ou menos isto. Fui, gostei e produzi o documentário divulgado na época pelo cartaz acima.
Lamento que você o tenha perdido, pois é uma visão do outro mundo.
A prova? É a erupção deste vulcão de nome impronunciável.
Lá é uma coisa absolutamente normal, basta dizer que é um território que é ¼ do nosso Rio Grande.
Eles têm 200 vulcões esperando a vez de botar para fora as suas entranhas.
Boa viagem!
O texto que segue era a apresentação do slide show.
Ao longo de milhões de anos, em meio à fúria dos elementos, criou-se a Islândia: nascida da água pelo fogo.
No curso de incontáveis erupções vulcânicas atingiu suas dimensões atuais: 100.000 km², mas não definitivas.
Há uns 15 anos, por exemplo, uma nova erupção bem na costa deu origem a uma nova ilha: Surtney e acrescentou mais alguns quilômetros quadrados.
Hoje, é um campo de estudos e só alguns cientistas têm acesso. Estão analisando como a vida se estabelece num local que surgiu do fundo do oceano há 5.000 graus.
A tradução de Islândia para o português não me parece das mais felizes. Está mais para espanhol, isla...do que a tradução correta de Ice...land: Terra do Gelo.
Lavalândia seria quem sabe bem oportuno, pois boa parte do fantástico cenário é formado por lava solidificada.
Hoje, este pequeno território ainda tem vulcões: 200 ao todo, sendo que muitos ainda ativos. Na média dos últimos 100 anos a Islândia tem tido 3 erupções em cada 10 anos. Um deles, o Hekla, é tão feroz que se diz ser uma das portas do inferno.
Com todos estes inconvenientes naturais, um inverno de 8 meses e uma temperatura que alegra a todos quando chega a 12°C, o país é um sucesso, mesmo sem ter petróleo, terra cultivável, minério ou árvores.
Sequer importam verduras ou frutas, produzem tudo em estufas e têm padrão de vida igual à Noruega, Suécia e Dinamarca. Por que nunca se fala nisso? Pessoalmente acho que é por vergonha.
Todo o seu bem estar é derivado de um só produto: o Peixe.
quinta-feira, abril 15
Rua, livros, badulaques e contrabandos
Vinte e Cinco de março é uma data que passou a pouco, mas também é o nome de uma das ruas mais famosas do Brasil. Querida pelos paulistanos e também pelos árabes, coreanos, chineses paraguaios e sacoleiros de qualquer estado.
Fica no centro de São Paulo e completaria 116 anos. Sim, completaria, porque para a surpresa dos comerciantes, até dos mais antigos, um livro chega as vitrines revelando que a rua é bem mais velha.
O primeiro registro é de 1865, portanto a rua tem 145 anos.
Fruto de uma pesquisa que começou como um trabalho acadêmico, o livro é um apanhado de curiosidades desse tumultuado centro de comércio, que chega a receber nas vésperas de grandes datas um milhão de pessoas.
Com o livro fica-se sabendo que o compositor Adoniran Barbosa, do samba do Arnesto, trabalhou como vendedor e entregador de uma loja de tecido.
O mais intrigante, mas não surpreendente é que ele foi demitido por ter o hábito de atender aos clientes batucando no balcão.
É com ajuda de detalhes como esse que o autor vai traçando o perfil da região ao longo do tempo.
Nós, aqui de Porto Alegre temos um autor que escreveu o livro sobre o Moinhos de Vento que entre outros elogios recebeu os do Dr. Brossard.
Agora sem alarde começa um sobre a Av. Independência.
Não posso pedir que ele desça da parte alta e rica onde sempre viveu para a parte plana, pobre e escreva um sobre a Voluntários, já que sobre a Rua da Praia, o Renato Maciel escreveu vários, mas bem que eu gostaria.
A 25 de março é mais ou menos a nossa Volunta, e o autor a que me refiro é o Carlos Augusto Bisson.
quarta-feira, abril 14
Um Dziekaniak nos ensinando cozinha guasca
No momento que releio " Os clássicos da culinária gaúcha" me chega uma mensagem informando que o autor Leon Hernandes Dziekaniak ( pronuncie como quiser, duvido que alguém consiga repetir este nome igual duas vezes) está embrenhado na Amazônia a procura do barco do Fitzcarraldo.
É uma das boas coisas da comunicação. Dá beira de um igarapé qualquer alguém digita uma mensagem e o satélite me encontra aqui, na Lomba do Asseio que nem os porto alegrenses sabem bem onde é.
Há alguns anos eu sairia gritando, miracolo! Miracolo!
Cozinha para o Leon sempre foi um hobby. Nascido em Rio Grande, formado pela UFRGS, completou seus estudos na Europa e é autor de vários llivros.
Este deve estar esgotado, mas quem sabe melhor que eu é o Martins Livreiro.
O Leon recomenda coisas simples e não tem intenções professorais como bem poderia, pois foi mestre por muitos anos.
Fala pouco contra o colesterol e muito de coisas que ajudam a diminuí-lo e ainda por cima melhoram o sabor.
Formado em letras, já era de se esperar um bom texto e começa o livro com uma frase de Jorge Luiz Borges que gosto muito: La pampa és el cielo al revez.
Boa leitura e bom apetite!
segunda-feira, abril 12
Stockinger: um ano depois
Hoje pela manhã ao ler os jornais me surpreendi com a participação de um ano de falecimento.
Para mim e para seus amigos, o Xico ainda é uma figura presente. Continuamos a conviver com a sua arte em bronze, argila, mármore e seus guerreiros em ferro e madeira, incomparáveis, inimitáveis que até se confundem com o seu bio tipo.
Além de museus, galerias de arte, colecionadores, as nossas casas, as casas de seus amigos, todas tem a sua marca em gravuras, tapeçarias múltiplos, desenhos, a maior parte doadas por ele, presentes de aniversários, lembranças, etc...
Portanto, o que nos faz falta é ele, a sua figura humana, o cozinheiro autodidata, o companheiro de bar, o parceiro de viagem e o surdo mais bem informado do hemisfério sul.
Foi-se aos 90 anos, mas foi muito cedo. Acho que o pessoal lá de cima tinha uma certa inveja de nós que com ele convivíamos e resolveram fazer uma chamada extra.
No velório, a boa, a ótima foto do Achutti, seu amigo também, nos lembrava o tempo todo a sua figura e a sua cumplicidade marota.
Faz hoje um ano que saímos do crematório, desolados, ficamos conversando no estacionamento, até que alguém , compreendendo o nosso impasse, disse: Vamos continuar as homenagens no Prinz, o bar que ele tanto gostava.
Na volta para casa, felizmente não havia nenhuma " blitz", nenhum bafômetro. Tenho certeza que das homenagens de despedida foi a que ele mais gostou.